O Partido Socialista comemora esta semana os seus 50 anos de fundação e é merecedor não só de parabéns, como também de reconhecimento e agradecimento pelo património e legado político que construiu ao longo destas 5 décadas e pelo contributo inestimável que deu para a construção da democracia e do poder local e para o desenvolvimento do País. Não é por acaso que é o maior partido político português e o mais votado.
Tive a oportunidade, a satisfação e
o orgulho de ser militante do Partido Socialista durante mais de vinte anos e,
ao longo desse período, ter contribuído para o seu crescimento no Alentejo,
nomeadamente no distrito de Beja, com a conquista de duas câmaras tradicionalmente
dominadas pelo PCP, Mértola e Beja. Fui também nomeado por governos socialistas,
por duas vezes, para cargos políticos, Director Regional do Ambiente do
Alentejo e Administrador da EDIA. Apesar de ter sido várias vezes convidado
para me candidatar a cargos directivos no aparelho partidário, recusei sempre,
porque entendi que deveria terautonomia e liberdade para tomar as melhores
decisões sem estar condicionado por interesses partidários.
Não fiz, por isso, carreira
partidária, mantendo-me sempre como militante de base, com opinião própria,
muitas vezes incómoda para o poder instituído.
Durante muitos anos nunca senti no
PS que ter uma opinião diferente da direcção da estrutura partidária fosse
motivo de afastamento ou discriminação, antes pelo contrário, as divergências e
o debate eram bem acolhidos e até valorizados. A crítica construtiva era
incentivada e bem acolhida.
A partir do “golpe palaciano” de
António Costa a atitude começou a mudar e os novos dirigentes locais e
regionais iniciaram um “reinado absolutista”, sem direito a debate de ideias, ou
discordâncias e críticas dos militantes. O poder centralizou-se.
A cultura deste tipo de poder, em
que o centralismo democrático impera, instalou-se no aparelho partidário e
alastrou a todas as estruturas do mesmo, até às concelhias. Só conta e pode ter
opinião quem tem cargos directivos, os militantes de base têm que, sem debate, aceitar
e cumprir, não discutindo, levantando dúvidas ou objecções.
Para perpetuar este poder os
dirigentes rodeiam-se de uma corte de “yesmen and women”, de preferência que
não lhes façam sombra, escolhidos não pelo seu mérito, mas pela sua obediência
e, de preferência, veneração.
Os que discordam deste regime e se
manifestam são afastados, ignorados e ostracizados.
Este é o PS que temos actualmente,
igual a todos os outros partidos, sem reflexão e debate interno, sem dialética,
sem democracia participativa, sem cidadania, sem militância, sem inovação, sem
agitação, sem alegria transformadora!
Por isso, me afastei, apresentando
a minha demissão, e optei pela militância cívica, livre e independente de
partidos.
Neste aniversário dos seus 50 anos
era bom que o Partido Socialista se abrisse à sociedade, refletisse e debatesse
o futuro, mais do que festejar o passado.
Parabéns ao PS!
Jorge Pulido Valente
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