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quinta-feira, 30 de março de 2023

Cidadania Activa 15 - Carta Aberta à Isabel Campos








Cidadania Activa 15

Carta Aberta à Isabel Campos

Cara Isabel, Directora da Universidade Sénior de Mértola

Dado que, apesar das minhas insistências, escritas e pessoais, continuo sem receber resposta

aos meus mails, decidi, como já te tinha avisado, expor publicamente o assunto.

Em novembro de 2022, pelo segundo ano consecutivo, enviei-te um mail no qual dizia:” Tive

conhecimento hoje que vão iniciar o ano lectivo na Universidade Sénior, pelo que volto a

manifestar a minha disponibilidade para trabalhar convosco, nas áreas do ambiente,

sustentabilidade, ordenamento do território, energia, turismo regenerativo, cidadania e

desenvolvimento regional e local”. À semelhança do que tinha referido no ano anterior a

minha colaboração seria, naturalmente, a título gratuito.

Em fevereiro deste ano, reencaminhei-te o mesmo mail e solicitei uma resposta, uma vez que

já tinham passado 3 meses.

Recentemente, encontrei-te pessoalmente e manifestei-te o meu desagrado por esta falta de

consideração, de profissionalismo e até de educação.

A tua reacção, dizendo-me que há respostas difíceis de dar, deixou-me de boca aberta e levou-

me a pensar sobre a razão que apresentaste para 5 meses depois do meu primeiro mail ainda

não ter merecido sequer uma simples justificação para não aceitares a minha disponibilidade

para colaborar com a Universidade Sénior.

Posso estar enganado, mas conclui que só pode haver dois motivos para o que se está a passar

pelo segundo ano consecutivo: ou não respondes porque és incompetente para o fazer ou

porque estás politicamente pressionada pela Câmara Municipal/PS para o não fazer.

Se estiver errado agradeço que me envies, finalmente, um mail a informar-me dos motivos

para tal omissão.

De qualquer forma, seja qual for o motivo que te levam a ignorar os meus mails, considero que

devias pensar seriamente em pedir a demissão de responsável pela Universidade Sénior

porque revelaste a tua incapacidade para cumprir as boas normas que devem reger qualquer

instituição ou, pior, a falta de coragem e isenção para resistires a pressões e discriminações

políticas.

Voltando a manifestar a minha disponibilidade para colocar à disposição da Universidade

Sénior de Mértola, gratuitamente, os conhecimentos e experiência que adquiri ao longo de 40

anos de exercício de cargos públicos em diversas áreas e lamentando ter que recorrer a este

meio, fico a aguardar a tua resposta.


Cumprimentos


Jorge Pulido Valente

Cidadania Activa 14 - Rui Nabeiro, um exemplo de Cidadania Activa, Humanismo e Simplicidade

Cidadania Activa 14

Rui Nabeiro, um exemplo de Cidadania Activa, Humanismo e Simplicidade


Tive a feliz oportunidade de conhecer e conviver pessoalmente com o Comendador Rui

Nabeiro, quer quando me apoiou activamente na minha primeira candidatura à Câmara de

Beja quer, posteriormente, no âmbito de algumas iniciativas no âmbito da Agenda Regional

para a Economia Circular e da Estratégia Regional para a Adaptação às Alterações Climáticas,

em que a Delta foi parceira da CCDRA.

Lembro-me de uma ocasião, em particular, em que ele, já octogenário, participou num

jantar/sessão, em Beja e que, por volta das 23h 30, veio pedir desculpa por ter que sair para

regressar a Campo Maior. Tendo-lhe agradecido a presença e a simpatia de ter aceitado o

convite, perguntei-lhe como é que conseguia, já com aquela idade, ter tamanha

disponibilidade para tantos eventos implicando um esforço e tantos incómodos, até físicos. A

resposta foi simples e elucidativa do seu carácter e da sua atitude perante os outros: as

pessoas convidam-me e, por isso, não tenho o direito de recusar e aceito com o maior prazer e

empenho.

A sua vida pessoal e profissional são um exemplo para todos, e dificilmente voltaremos a ter

em Portugal um empresário que conciliava tamanho humanismo e responsabilidade social com

uma visão estratégica, um sentido comercial e uma capacidade criativa e inovativa.

Mais de que um bom patrão Rui Nabeiro foi um líder incontestado e um exemplo de como se

pode ser empresário de sucesso em termos financeiros e, simultaneamente, um cidadão activo

e socialmente responsável, com uma extraordinária sensibilidade e proximidade com as

pessoas.

Soube ainda, este Homem, preparar de forma exemplar a sua sucessão à frente do império

que construiu, conseguindo, estruturar ao longo do tempo e das gerações uma equipa familiar

e mais alargada, em que filhos e netos assumiram de uma forma tranquila a liderança da

organização, garantindo que o desaparecimento do seu fundador não viria a criar

perturbações no seio da(s) empresa(s) que pusessem a causa o futuro do Grupo Nabeiro.

Um Homem simples e tranquilo que o enorme sucesso pessoal e profissional e o

reconhecimento público não deslumbrou nem envaideceu.

terça-feira, 28 de março de 2023

Cidadania Activa 13 - Encontro de Empresários de Mértola









Cidadania Activa 13

Encontro de Empresários de Mértola

Foi com alguma expectativa que participei no XVII Encontro de Empresários do Concelho de

Mértola que teve lugar no passado sábado, dia 18, durante todo o dia, e a avaliação geral que

faço da iniciativa é bastante positiva.

A começar pela adesão conseguida por parte de empresários actuais e potenciais, quer em

número quer em participação efectiva nas reflexões e debates dos painéis da parte da tarde, o

que, ao contrário do que muitas vezes tenho ouvido, comprova que existe por parte das

pessoas interesse e vontade de participarem, assim lhes sejam dadas oportunidades para o

fazerem.

Em termos organizativos também correu bastante bem, embora as intervenções do período da

manhã, todas elas de interesse, se tivessem alongado demasiado, o que levou a que

praticamente não houvesse debate em torno das mesmas. O almoço foi excelente e, sendo

volante, permitiu e favoreceu o convívio entre participantes.

A opção pela divisão dos temas e participantes por 4 salas possibilitou que a reflexão e o

debate de cada um tivesse mais tempo e profundidade, mas, por outro lado, obrigou-nos a ter

que optar apenas por um, impedindo-nos de assistir à discussão de outros que também eram

do nosso interesse.

Das apresentações feitas, quer pelos oradores convidados quer pelos representantes do

executivo municipal, poderemos concluir que apesar de ter sido apresentada uma estratégia

de desenvolvimento de médio e longo prazo, conceptualmente correcta, não tem havido uma

intervenção e projectos que por um lado estejam ajustados à realidade actual e por outro

façam face às necessidades e aspirações concretas e imediatas da população.

Os principais indicadores de desenvolvimento apresentados, praticamente todos negativos,

evidenciam bem este desfasamento e o agravamento contínuo da situação do concelho em

quase todas as áreas.

Foram particularmente elucidativas dos problemas da governação as conclusões apresentadas

pelo grupo que se debruçou sobre a conectividade, a informação/comunicação e a

participação.

A falta de iniciativas socio culturais que motivem e envolvam a população (em vez de uma

agenda intensa de eventos pouco mobilizadores e desconectados da realidade local), a

deficiente informação e comunicação (substituída exclusivamente pela propaganda), a

inexistência de infraestruturas de comunicação e de transportes foram as principais críticas

apontadas.

Na mesa em que participei, Indústria, Construção civil e Energia, as principais conclusões

apontaram para: 1) necessidade de concretização urgente da nova zona empresarial, projecto

já com mais de uma década, evitando perder tempo com e o estudo de eventuais novas

localizações; 2) resolução urgente do problema dos resíduos de construção e demolição; 3)

desenvolvimento o mais rápido possível, pela autarquia, das propostas já apresentadas de

criação das comunidades de energia renovável do Centro Histórico e da Mina de S. Domingos


Para finalizar referir que é pena que a par do retomar pela CMM dos Encontros de Empresários

não tenham sido reactivados os Prémios Municipais Empresas, criados há mais de uma década

e inexplicavelmente esquecidos.

Jorge Pulido Valente

sábado, 18 de março de 2023

Crónica Cidadania Activa 12 Transição digital e politicas públicas regionais

 








Crónica Cidadania Activa 12

Transição digital e politicas públicas regionais

 Foi apresentada esta semana na CCDR Alentejo, em Évora a Agenda Digital para o Alentejo,

iniciativa e projecto de importância fundamental para a transição digital neste território de

interior, sempre tão esquecido pelo poder central no processo de inovação e

desenvolvimento.

Na verdade, tomando como exemplo o caso de Mértola para ilustrar o que se passa em toda a

nossa região alentejana, verifica-se a inexistência na grande maioria do concelho de rede de

fibra óptica, inclusive no centro histórico, na sede do município. Daí decorre que a cobertura

de rede da internet é manifestamente insuficiente e desadequada relativamente

àsnecessidades da população em geral e das empresas e serviços em particular.

As operadoras, tendo em conta a pouca rentabilidade do investimento não estão dispostas a

investir nas infraestruturas subterrâneas e a autarquia também não se preocupa com o

assunto nem faz qualquer esforço no sentido de resolver o problema, dificultando até, no caso

do Centro Histórico, a intervenção das empresas do sector, ao impedir a colocação, mesmo

que temporária, de cabos aéreos.

Sem que todas as localidades tenham acesso à fibra óptica dificilmente a transição digital se

fará sem deixar para trás as populações do vasto território interior e remoto do nosso País.

Todos os projectos integrados no programa mais global da Agenda Digital do Alentejo,

pressupõem a existência prévia de uma infraestrutura de suporte ao funcionamento adequado

e nas melhores condições técnicas da rede de Internet.

Pelos motivos acima referidos foi com grande satisfação que ouvi o Secretário de Estado das

Infraestruturas anunciar, neste evento, que iria finalmente avançar o concurso para o

alargamento da rede de fibra óptica a todas as freguesias do País. Esperemos que não só a

obra avance em tempo útil como também não sofra amputações a meio do percurso, deixando

mais uma vez de fora as localidades mais periféricas e menos povoadas, sem interesse

comercial para as operadoras.

A Agenda Digital do Alentejo, lançada agora de forma pioneira, pela CCDRA e a ADRAL é um

projecto estruturante para o futuro do Alentejo e um primeiro passo positivo na definição de

políticas públicas regionais consequentes a que seguirão, segundo me garantiu a minha ex-

colega vice-presidente, Carmen Carvalheira, intervenções na área da energia e da economia

circular, no quadro da sustentabilidade do território.

De destacar ainda, na apresentação realizada, a opção por um verdadeiro modelo de

governação partilhada, integrada e participativa, sem o qual este projecto estaria votado ao

fracasso, sobretudo num território remoto e despovoado como o Alentejo.

Faço votos para que, finalmente, a CCDRA, com uma liderança que não esteja refém dos

interesses partidários e pessoais, assuma o papel que lhe cabe na definição e concretização

das políticas públicas regionais que tenham em consideração as especificidades, as

necessidades e as prioridades do nosso território.


Jorge Pulido Valente

domingo, 5 de março de 2023

Crónica Cidadania Activa 11 - A (des)preocupação (de)com António Costa

A (des)preocupação (de)com António Costa

A atitude de despreocupação e até de alguma irresponsabilidade que o primeiro ministro de Portugal transmitiu na televisão à entrada para o conselho de ministros, no Algarve, quando  questionado pelos jornalistas sobre a forte contestação a que o governo está a ser sujeito nasmais diversas frentes e sectores, deixou-me, a mim, muito preocupado!

Admira-me, choca-me até que o máximo governante do nosso País, perante a muito difícil situação que estamos a viver, em vez de manifestar a sua preocupação e a vontade de tomar medidas para resolver os graves problemas que estão a afectar os portugueses, desde a saúde, educação passando pela justiça, a habitação, os transportes, a subida contínua e galopante do custo de vida, adopte um discurso aligeirado e bem disposto de desvalorização da crise e daagitação dela resultante.

Talvez animado com o facto dos portugueses, apesar de descontentes com o governo e a sua (des)governação, preferirem que ele cumpra a legislatura até ao fim, o primeiro ministro continua focado na gestão dos fundos comunitários do PRR e preocupado com a comunicação e propaganda dos milhões de euros da “bazuca”, esperando que com o passar do tempo, a contestação abrande ou se esvazie, mesmo sem que as reformas estruturais tão urgentes avancem.

Parece que, agora, a preocupação principal de António Costa já é quase só manter-se no poder até surgir a oportunidade para outros voos!?

Preocupo-me (e, pelos vistos, já também a alguns membros do PS), por isso, com estes sinais de afastamento de António Costa da realidade que estamos a viver e com a incapacidade política e de governação que os mesmos revelam. Aos casos que puseram a nú erros graves no recrutamento de governantes e a descoordenação interna, sucedem-se agora medidas de política mal preparadas e desenhadas, sem rigor e sem reflexão e debate prévios aprofundados no seio das equipas ministeriais.

Depois de ter desistido da esquerda radical após a ter destrunfado e reduzido aos mínimos, António Costa está, agora, a contribuir, com o alimentar do descontentamento e consequente perda de confiança do seu eleitorado de maioria absoluta, para o crescimento exponencial da extrema direita, nomeadamente de quem melhor sabe capitalizar a critica ao sistema político e aos políticos, o Chega.

Finalmente, preocupa-me que o primeiro ministro e secretário geral do PS se tenha apenas rodeado de “yesman”e “yeswomen” e, por esse motivo, não haja ninguém no partido com coragem de o confrontar com os erros e omissões desta governação, a qual tinha todas as condições políticas e económicas para ser um sucesso e trazer um melhor futuro a todos!

Jorge Pulido Valente

03/02/23