Mértola
Lugar de informação, debate e opinião livre e responsavel em especial sobre Mértola e seu Concelho.
Vamos falar de
quinta-feira, 1 de junho de 2023
terça-feira, 30 de maio de 2023
Crónica Cidadania Activa 23 ÁGUA! Atenção Participem!
Crónica Cidadania Activa 23
“Iniciaram-se recentemente as
sessões de trabalho da Intervenção Territorial Integrada Água e Ecossistemas da
Paisagem. Estas sessões visam essencialmente a preparação do Plano de Ação
previsto nos Programas Regionais do Alentejo e do Algarve, cujos investimentos
permitirão sustentabilidade, resiliência e competitividade dos recursos, das
comunidades e dos territórios de fronteira do Alentejo e do Algarve, sensíveis
às alterações climáticas e à desertificação, com particular impacto na
disponibilidade hídrica e na biodiversidade.
A ITI envolverá um montante total
de 50 Milhões de Euros (M€), envolvendo cerca de 20 M€ de fundo do Programa
Regional Alentejo 2030, o que permitirá o desenvolvimento de projetos em áreas
como: a proteção ambiental e dos ecossistemas; a disponibilidade hídrica e uso
eficiente da água; a economia verde e circular; a investigação e inovação; a
valorização e revitalização económica e social e a capacitação e
sensibilização.”
Este vai ser um instrumento de
planeamento estratégico e financeiro, estrutural, fundamental e decisivo para a
sustentabilidade do território do Baixo Alentejo nas suas múltiplas dimensões,
ambiental, económica e social.
É, por isso, necessário envolver
a comunidade e os seus diversos agentes individuais e colectivos, públicos e
privados, no processo, desde o seu início, para que, por um lado, os seus
contributos possam ainda ser integrados e, por outro, para que todos de preparem,
com tempo, para os desafios e oportunidades que irão surgir ou que serão criadas.
Para que tal aconteça, é
indispensável adoptar, desde logo, um modelo de governação integrada,
partilhada, participativa, multinível e multissectorial, pois só assim a intervenção
será verdadeiramente territorial e integrada e se obterão os benefícios de uma
abordagem holística, coerente, coordenada e convergente.
As CCDR do Alentejo e do Algarve,
responsáveis pelo programa, já estão no terreno a realizar as acima referidas
sessões de trabalho, mas só isso não chega. É preciso que os municípios e as
ADL repliquem estas iniciativas, descentralizadamente em todo o território do
Baixo Alentejo, para que as organizações e os cidadãos sejam devidamente informados,
chamados a participar com os seus preciosos contributos e estimulados a preparem,
em parcerias alargadas, ideias, projectos, iniciativas e acções.
Há muito trabalho prévio a fazer
e em áreas novas, bastante complexas e difíceis, pelo que deveria ser
constituída uma bolsa de agentes especialistas, para dinamizarem processos de
capacitação, informação e formação dos agentes nas comunidades, de modo a que o
Plano de Acção possa estar ajustado, com rigor, à realidade dos territórios e
às suas necessidades específicas.
Desde já, fica também aqui o
desafio aos actores locais e regionais para se interessarem pelo assunto e
participarem proactivamente no processo de construção deste Plano de Acção,
decisivo para o desenvolvimento sustentável do nosso território de fronteira do
Baixo Alentejo com o Algarve!
Jorge Pulido Valente
sábado, 27 de maio de 2023
Crónica Cidadania Activa 22 Nem PS nem PSD
Crónica Cidadania Activa 22
Nem PS nem PSD
Já toda a gente percebeu que este
governo do PS, apesar de ter todas as condições económicas e políticas a seu
favor, está incapacitado para resolver os principais problemas do País, seja na
Saúde, na Educação, na Agricultura, na Justiça, no Ambiente, na Administração Pública,
etc., porque o aparelho partidário, com o consentimento e apoio de António
Costa, tomou conta da estrutura das instituições, organismos e empresas do
Estado, tendo apenas como objectivo o ter, exercer e manter o poder. O PM já
não controla o aparelho partidário infiltrado na máquina do Estado e, por isso,
descontrolou-se o Governo.
Para além disso, o primeiro
ministro afastou e afasta todos aqueles que manifestam opiniões e ideias
divergentes das suas e lhe tentam mostrar uma realidade não coincidente com a imagem
otimista que ele constrói e que os seus “yesboys and girls” lhe confirmam.
Se fosse o PSD não seria
diferente, apenas os personagens mudavam e os beneficiados seriam os “sócios”
do respectivo aparelho partidário. Tudo corre bem até as máquinas partidárias
se instalarem no aparelho do Estado.
Os eleitores sabem isso e, mesmo
descontentes com António Costa e o seu governo, votariam outra vez no PS porque
não acreditam que o PSD seja uma alternativa melhor e que faria diferente,
também para melhor.
Enquanto no horizonte tiverem a
promessa/garantia de mais dinheiro no bolso por um lado e a incapacidade de
qualquer dos partidos resolver os problemas estruturais por outro, obviamente
que não irão optar pela alternância no poder mas sim pelo mal menor.
Pelos motivos acima referidos e
apesar de serem indispensáveis à democracia, os partidos políticos já não são
capazes de resolver o problema da governação do País.
Que alternativas nos restam?
Ou os partidos políticos se
regeneram e se abrem à sociedade ou terão que ser os movimentos de cidadãos a
intervir mais activamente, obrigando os governos a libertarem-se dos interesses
e das amarras partidárias, para se centrarem na boa e rigorosa governação e na
resolução dos problemas estruturais do País.
O Presidente da República tem
aqui um papel importante e determinante, demitindo António Costa, quer para o
obrigar a formar um novo governo liberto dos vícios partidários quer, em alternativa,
nomear um governo de iniciativa presidencial, com apoio da maioria dos
partidos. Provavelmente, com a distribuição pela população dos dividendos
financeiros dos nossos impostos e do crescimento da economia, tudo irá
continuar na mesma até ao final da legislatura, lamentavelmente!
Jorge Pulido Valente
domingo, 14 de maio de 2023
Cidadania Activa 21 Desaparecidos (s)em combate!
Cidadania Activa 21
Desaparecidos (s)em combate!
São 3 os deputados da Assembleia da República eleitos pelo círculo eleitoral de Beja, 2 do PS e um do PCP. Pedro do Carmo, Nelson de Brito e João Dias, respectivamente.
É suposto que, entre outras coisas, representem os interesses do distrito de Beja e, como gostam de apregoar, do Baixo Alentejo (suponho que incluindo todo o litoral alentejano, embora Grândola e Alcácer do Sal pertençam ao distrito de Setúbal).
Quem, da nossa população, os conhece e tem contacto com eles? Onde andam e a fazer o quê estes nossos representantes no Parlamento?
Á excepção da presença em inaugurações, festas e feiras ou iniciativas dos respectivos partidos estes nossos eleitos pouco ou nunca aparecem no território e nenhuma iniciativa de reflexão, debate ou recomendação sobre os graves problemas que a nossa região enfrenta, promovem, organizam ou dinamizam. Também raramente têm intervenção nas sessões plenárias da AR, nomeadamente, para defenderem os interesses da região. Isto, quando não votam, por disciplina partidária, contra os interesses do Baixo Alentejo.
Um deles, que acumula com a presidência da distrital do PS, Nelson de Brito, nunca se viu ou ouviu, nem sequer em notícias da imprensa nacional, regional ou local que, porventura, dessem conta de alguma acção sua em prol do distrito e das suas populações.
Refiro alguns dos problemas relativamente aos quais se esperaria que estes nossos eleitos fizessem alguma coisa, mais a mais sendo um deles, Pedro do Carmo, presidente da Comissão de Agricultura:
- Seca e crise aguda nas áreas de sequeiro
- Tomada de água do Pomarão para reforço do abastecimento de água ao Algarve
- Alterações climáticas e desertificação
- Agricultura intensiva e impactos socio ambientais
- Carências graves nos serviços de saúde
- Imigração e crise de mão de obra
- Acessibilidades rodoviárias e ferroviárias
- Aeroporto de Beja
- Desordenamento do território e destruição do património natural do litoral alentejano
- Transferências de serviços para a CCDRAlentejo
- Navegabilidade do rio Guadiana
- Energia e centrais solares fotovoltaicas
- Deficiências na cobertura digital e nas redes de telecomunicações
Para quem jurou e apregoou, batendo com a mão no peito, que a sua luta era pelo Baixo Alentejo, estão desaparecidos (s)em combate!
Jorge Pulido Valente
terça-feira, 9 de maio de 2023
Cidadania Activa 20 - Pomarão: de abandonado a adiado
Cidadania Activa 20
Pomarão: de abandonado a adiado
No último sábado participei, com grande interesse e expectativa, nas Jornadas do Peixe do Rio,
em boa hora realizadas pela Câmara Municipal de Mértola no Pomarão, em substituição do
Festival que, durante mais de uma década, levava todos os anos àquela pitoresca localidade
ribeirinha do Guadiana milhares de pessoas e muita animação.
Lamentavelmente, duas das entidades anunciadas no programa que prometiam intervenções
de muito interesse para projectos futuros, não compareceram.
Dos participantes (não contando com os organizadores, palestrantes e entidades signatárias
do protocolo), à volta de uma dúzia, apenas 3 eram do Pomarão, o que é pena.
A intervenção inicial do presidente da Câmara, Mário Tomé, foi elucidativa e reveladora da
situação de abandono a que esteve votado o Pomarão nesta última década (depois de todos
os significativos investimentos realizados nos meus mandatos) e da perspectiva de adiamento
em que o presente executivo o irá manter durante o actual mandato.
O autarca começou por referir que a sua estratégia, ao contrário da dos anteriores
presidentes, passa por não organizar nenhuma iniciativa pública para debater as questões
ainda por resolver da navegabilidade rio Guadiana até Mértola e para comprometer as
entidades públicas na sua resolução, só estando disponível para o fazer quando houver algo
importante para anunciar. É uma opção com a qual não posso de modo algum concordar, uma
vez que se não tivessem sido todas as acções públicas que desenvolvemos ao longo de 2
décadas para mobilizar todos os parceiros públicos e privados ainda hoje não teríamos a ponte
do Pomarão e a navegabilidade assegurada até esta localidade bem como o projecto para o
troço restante. Se não houver esta permanente pressão sobre os organismos do Estado o
assunto cairá no esquecimento ou passará para 2ª prioridade de investimento.
Seguidamente, justificou a não realização do Festival do Peixe do Rio com a necessidade de
reflexão sobre o modelo da iniciativa. Pergunta-se: um ano não foi suficiente para fazer esse
trabalho de inovar e melhorar o modelo anterior, de sucesso comprovado? Porque não foi
ainda promovida a avaliação das anteriores edições e solicitadas aos residentes e visitantes
sugestões de melhoria? Pareceu-me mais uma desculpa para encobrir outras razões
(incapacidade operacional? financiamento?) que uma justificação.
No que respeita ao estado de abandono da povoação, nomeadamente, no que respeita ao
planeamento, saneamento básico, arruamentos, equipamentos públicos, edificado e
estruturas náuticas, Mário Tomé, veio justificar tal situação com a necessidade de ser feita
uma nova abordagem macro (seja lá o que isso for). Pergunta-se: haverá necessidade disso,
com todos os programas, projectos e investimentos previstos e aprovados para o Pomarão há
mais de uma década e que não foram concretizados por falta de vontade política do anterior
executivo?
Já a apresentação do projecto Sailing Guadiana, feita pela vereadora Rosinda, revelou um
sentido estratégico e objectivos concretos para o desenvolvimento do turismo náutico no rio,
embora não se entenda porque razão a Câmara foi pagar milhares de euros a uma empresa
externa, para elaborar um trabalho que já existe há mais de uma década na autarquia e que só
não está concretizado porque o anterior executivo, decidiu abandoná-lo, optando por outros
investimentos e deixando ao abandono o que já tinha sido executado nesse âmbito. Até final
deste mandato o Pomarão irá, assim, continuar “abandonadado”!
Jorge Pulido Valente
terça-feira, 25 de abril de 2023
Cidadania Activa 19 - Parabéns ao Partido Socialista!
O Partido Socialista comemora esta semana os seus 50 anos de fundação e é merecedor não só de parabéns, como também de reconhecimento e agradecimento pelo património e legado político que construiu ao longo destas 5 décadas e pelo contributo inestimável que deu para a construção da democracia e do poder local e para o desenvolvimento do País. Não é por acaso que é o maior partido político português e o mais votado.
Tive a oportunidade, a satisfação e
o orgulho de ser militante do Partido Socialista durante mais de vinte anos e,
ao longo desse período, ter contribuído para o seu crescimento no Alentejo,
nomeadamente no distrito de Beja, com a conquista de duas câmaras tradicionalmente
dominadas pelo PCP, Mértola e Beja. Fui também nomeado por governos socialistas,
por duas vezes, para cargos políticos, Director Regional do Ambiente do
Alentejo e Administrador da EDIA. Apesar de ter sido várias vezes convidado
para me candidatar a cargos directivos no aparelho partidário, recusei sempre,
porque entendi que deveria terautonomia e liberdade para tomar as melhores
decisões sem estar condicionado por interesses partidários.
Não fiz, por isso, carreira
partidária, mantendo-me sempre como militante de base, com opinião própria,
muitas vezes incómoda para o poder instituído.
Durante muitos anos nunca senti no
PS que ter uma opinião diferente da direcção da estrutura partidária fosse
motivo de afastamento ou discriminação, antes pelo contrário, as divergências e
o debate eram bem acolhidos e até valorizados. A crítica construtiva era
incentivada e bem acolhida.
A partir do “golpe palaciano” de
António Costa a atitude começou a mudar e os novos dirigentes locais e
regionais iniciaram um “reinado absolutista”, sem direito a debate de ideias, ou
discordâncias e críticas dos militantes. O poder centralizou-se.
A cultura deste tipo de poder, em
que o centralismo democrático impera, instalou-se no aparelho partidário e
alastrou a todas as estruturas do mesmo, até às concelhias. Só conta e pode ter
opinião quem tem cargos directivos, os militantes de base têm que, sem debate, aceitar
e cumprir, não discutindo, levantando dúvidas ou objecções.
Para perpetuar este poder os
dirigentes rodeiam-se de uma corte de “yesmen and women”, de preferência que
não lhes façam sombra, escolhidos não pelo seu mérito, mas pela sua obediência
e, de preferência, veneração.
Os que discordam deste regime e se
manifestam são afastados, ignorados e ostracizados.
Este é o PS que temos actualmente,
igual a todos os outros partidos, sem reflexão e debate interno, sem dialética,
sem democracia participativa, sem cidadania, sem militância, sem inovação, sem
agitação, sem alegria transformadora!
Por isso, me afastei, apresentando
a minha demissão, e optei pela militância cívica, livre e independente de
partidos.
Neste aniversário dos seus 50 anos
era bom que o Partido Socialista se abrisse à sociedade, refletisse e debatesse
o futuro, mais do que festejar o passado.
Parabéns ao PS!
Jorge Pulido Valente
segunda-feira, 24 de abril de 2023
Cidadania Activa 18 - A propósito de Bolsas de Estudo
Cidadania Activa 18
A propósito de Bolsas de Estudo
terça-feira, 11 de abril de 2023
Perguntas e respostas na última reunião da Câmara Municipal de Mértola
Perguntas e respostas na última reunião da Câmara Municipal de Mértola
segunda-feira, 10 de abril de 2023
Cidadania Activa 17 - Pomarão abandonado!
Cidadania Activa 17
Pomarão abandonado!
Na estratégia de desenvolvimento para o concelho de Mértola que tive a oportunidade de
concretizar entre 2001 e 2008, o Pomarão, importante antigo porto do Rio Guadiana, era
considerado um dos polos estruturantes para o turismo, nomeadamente, náutico, pelo que, ao
longo desses anos foram sendo feitos investimentos importantes quer ao nível das
infraestruturas quer dos eventos de animação, valorização e promoção, não só para atrair
visitantes como também para melhorar a qualidade de vida da população e fixar novos
residentes.
Foi assim, entre outros melhoramentos, construída a ponte internacional e os respectivos
acessos, ambição com várias décadas e sempre adiada, a qual permitiu um crescimento muito
significativo das relações e movimentos transfronteiriços; recuperados e (re)activados edifícios
públicos degradados; instalado sistema de abastecimento de água; montados cais (margem
esquerda e direita) e outros equipamentos de apoio à náutica de recreio e à pesca profissional;
iniciado o projecto de navegabilidade; realizados pela primeira vez eventos de animação,
valorização e promoção, dos quais se destaca o Festival do Peixe do Rio.
A estratégia seguida revelou-se adequada e, ao fim de algum tempo, os resultados começaram
a aparecer, designadamente, o crescimento do número de visitantes e os investimentos de
privados quer em habitação quer no turismo.
Lamentavelmente, esta linha de acção foi abandonada e, passados todos estes anos o
Pomarão está abandonado e em processo de degradação e definhamento, apesar das enormes
potencialidades que continua a ter para ser um excelente polo de atração e dinamização
turística do concelho como porta de entrada fluvial e porto de recreio e apoio náutico.
Actualmente, não obstante um dos vereadores da câmara ser daquela localidade, o
desinvestimento é de tal ordem que até o Festival do Peixe do Rio, evento de referência com
lugar cativo e de destaque no calendário turístico regional e até nacional e transfronteiriço, foi
substituído por um insignificante sucedâneo, apelidado de jornadas.
Entretanto, a rede de esgotos e o ultimo troço de estrada de ligação à N265 previstas ser
construídas há mais de uma década continuam eternamente adiadas e os edifícios públicos
anteriormente recuperados estão de portas fechadas e a degradar-se.
Com um orçamento municipal como nunca teve, de mais de 25 milhões de euros, e um saldo
transitado de mais de 11 milhões, não se consegue perceber porque razão este executivo
abandonou esta joia, em vez de investir na sua preservação, revitalização e valorização.
Jorge Pulido Valente
domingo, 9 de abril de 2023
Cidadania Activa 16 A (in)significância do Plano de Salvaguarda do Centro Histórico de Mértola
Cidadania Activa 16
A (in)significância do Plano de Salvaguarda do Centro
Histórico de Mértola
A Câmara Municipal de Mértola
realizou na passada semana uma reunião para lançamento do processo de revisão
do Plano de Salvaguarda e Valorização do Centro Histórico de Mértola, cuja
última versão tem já mais de 30 anos. Iniciativa louvável que, embora com pouca
adesão por parte da população, foi muito animada e produtiva, nomeadamente
graças às intervenções e contributos dos membros da Associação dos Moradores do
Centro Histórico, a qual entregou à autarquia um memorando com as propostas
iniciais para discussão.
Lamentavelmente, a CMM não
apresentou a equipa técnica que irá realizar o trabalho nem um diagnóstico ou um
documento base para reflexão e debate.
A primeira conclusão a que se
chegou, ao longo do debate, foi que, embora seja significativo que o CH disponha
de um Plano de Salvaguarda, ele é insignificante se não for acompanhado de um
programa de valorização efectivo, dotado de um orçamento adequado às acções que
visem suprir as carências, resolver os problemas e satisfazer as necessidades
do património e das pessoas que nele residem, trabalham ou visitam. Na verdade,
o Plano, ao longo destas três décadas, não foi nem um travão nem um factor de
dinamização da salvaguarda e valorização, pelo que, sendo importante não é, não
deveria ser, de modo algum, prioritário no processo de intervenção da Câmara no
Centro Histórico.
Certamente que não será um Plano
de Salvaguarda, cuja revisão ficará concluída, segundo a Vereadora Rosinda, no
final de 2024 que irá suster o avançado processo de degradação e esvaziamento
do Centro Histórico. É preciso AGIR já!
A atenção e acção da Câmara, em
articulação com a Associação dos Moradores do Centro Histórico, deveria, por
isso, focar-se primordialmente nas seguintes áreas:
1 – Infraestruturas: intervenção
planeada de remodelação faseada e total das redes de águas, esgotos, energia e
telecomunicações, incluindo a repavimentação
2 – Segurança: diagnóstico e
correcção das fragilidades das estruturas de contenção e estabilidade e
melhoria dos acessos e sistemas de emergência
3 – Circulação e estacionamento:
fiscalização da aplicação do regulamento, reforço da informação restritiva e
criação de transporte público elétrico
4 – Reabilitação, Revitalização e
Valorização: aquisição de imóveis para reabilitação e arrendamento jovem acessível,
reabilitação dos edifícios municipais de habitação e serviços, manutenção,
limpeza e melhoria dos espaços públicos, isenções e apoios significativos a
privados para a reabilitação de imóveis, programa de eventos socio-culturais e
desportivas
5 – Energia: criação da
Comunidade de Energia Renovável do Centro Histórico e instalação da respectiva
central solar
6 – Promoção: candidatura a
Património Mundial da Unesco
7 – Licenciamento: simplificação
e isenção de taxas nos processos de licenciamento de obras de reabilitação
8 – Governação: implementação de
sistema de governação integrada, colaborativa e participativa
Jorge Pulido Valente
quinta-feira, 30 de março de 2023
Cidadania Activa 15 - Carta Aberta à Isabel Campos
Cidadania Activa 15
Carta Aberta à Isabel Campos
Cara Isabel, Directora da Universidade Sénior de Mértola
Dado que, apesar das minhas insistências, escritas e pessoais, continuo sem receber resposta
aos meus mails, decidi, como já te tinha avisado, expor publicamente o assunto.
Em novembro de 2022, pelo segundo ano consecutivo, enviei-te um mail no qual dizia:” Tive
conhecimento hoje que vão iniciar o ano lectivo na Universidade Sénior, pelo que volto a
manifestar a minha disponibilidade para trabalhar convosco, nas áreas do ambiente,
sustentabilidade, ordenamento do território, energia, turismo regenerativo, cidadania e
desenvolvimento regional e local”. À semelhança do que tinha referido no ano anterior a
minha colaboração seria, naturalmente, a título gratuito.
Em fevereiro deste ano, reencaminhei-te o mesmo mail e solicitei uma resposta, uma vez que
já tinham passado 3 meses.
Recentemente, encontrei-te pessoalmente e manifestei-te o meu desagrado por esta falta de
consideração, de profissionalismo e até de educação.
A tua reacção, dizendo-me que há respostas difíceis de dar, deixou-me de boca aberta e levou-
me a pensar sobre a razão que apresentaste para 5 meses depois do meu primeiro mail ainda
não ter merecido sequer uma simples justificação para não aceitares a minha disponibilidade
para colaborar com a Universidade Sénior.
Posso estar enganado, mas conclui que só pode haver dois motivos para o que se está a passar
pelo segundo ano consecutivo: ou não respondes porque és incompetente para o fazer ou
porque estás politicamente pressionada pela Câmara Municipal/PS para o não fazer.
Se estiver errado agradeço que me envies, finalmente, um mail a informar-me dos motivos
para tal omissão.
De qualquer forma, seja qual for o motivo que te levam a ignorar os meus mails, considero que
devias pensar seriamente em pedir a demissão de responsável pela Universidade Sénior
porque revelaste a tua incapacidade para cumprir as boas normas que devem reger qualquer
instituição ou, pior, a falta de coragem e isenção para resistires a pressões e discriminações
políticas.
Voltando a manifestar a minha disponibilidade para colocar à disposição da Universidade
Sénior de Mértola, gratuitamente, os conhecimentos e experiência que adquiri ao longo de 40
anos de exercício de cargos públicos em diversas áreas e lamentando ter que recorrer a este
meio, fico a aguardar a tua resposta.
Cumprimentos
Jorge Pulido Valente
Cidadania Activa 14 - Rui Nabeiro, um exemplo de Cidadania Activa, Humanismo e Simplicidade
Cidadania Activa 14
Rui Nabeiro, um exemplo de Cidadania Activa, Humanismo e Simplicidade
Tive a feliz oportunidade de conhecer e conviver pessoalmente com o Comendador Rui
Nabeiro, quer quando me apoiou activamente na minha primeira candidatura à Câmara de
Beja quer, posteriormente, no âmbito de algumas iniciativas no âmbito da Agenda Regional
para a Economia Circular e da Estratégia Regional para a Adaptação às Alterações Climáticas,
em que a Delta foi parceira da CCDRA.
Lembro-me de uma ocasião, em particular, em que ele, já octogenário, participou num
jantar/sessão, em Beja e que, por volta das 23h 30, veio pedir desculpa por ter que sair para
regressar a Campo Maior. Tendo-lhe agradecido a presença e a simpatia de ter aceitado o
convite, perguntei-lhe como é que conseguia, já com aquela idade, ter tamanha
disponibilidade para tantos eventos implicando um esforço e tantos incómodos, até físicos. A
resposta foi simples e elucidativa do seu carácter e da sua atitude perante os outros: as
pessoas convidam-me e, por isso, não tenho o direito de recusar e aceito com o maior prazer e
empenho.
A sua vida pessoal e profissional são um exemplo para todos, e dificilmente voltaremos a ter
em Portugal um empresário que conciliava tamanho humanismo e responsabilidade social com
uma visão estratégica, um sentido comercial e uma capacidade criativa e inovativa.
Mais de que um bom patrão Rui Nabeiro foi um líder incontestado e um exemplo de como se
pode ser empresário de sucesso em termos financeiros e, simultaneamente, um cidadão activo
e socialmente responsável, com uma extraordinária sensibilidade e proximidade com as
pessoas.
Soube ainda, este Homem, preparar de forma exemplar a sua sucessão à frente do império
que construiu, conseguindo, estruturar ao longo do tempo e das gerações uma equipa familiar
e mais alargada, em que filhos e netos assumiram de uma forma tranquila a liderança da
organização, garantindo que o desaparecimento do seu fundador não viria a criar
perturbações no seio da(s) empresa(s) que pusessem a causa o futuro do Grupo Nabeiro.
Um Homem simples e tranquilo que o enorme sucesso pessoal e profissional e o
reconhecimento público não deslumbrou nem envaideceu.
terça-feira, 28 de março de 2023
Cidadania Activa 13 - Encontro de Empresários de Mértola
Cidadania Activa 13
Encontro de Empresários de Mértola
Foi com alguma expectativa que participei no XVII Encontro de Empresários do Concelho de
Mértola que teve lugar no passado sábado, dia 18, durante todo o dia, e a avaliação geral que
faço da iniciativa é bastante positiva.
A começar pela adesão conseguida por parte de empresários actuais e potenciais, quer em
número quer em participação efectiva nas reflexões e debates dos painéis da parte da tarde, o
que, ao contrário do que muitas vezes tenho ouvido, comprova que existe por parte das
pessoas interesse e vontade de participarem, assim lhes sejam dadas oportunidades para o
fazerem.
Em termos organizativos também correu bastante bem, embora as intervenções do período da
manhã, todas elas de interesse, se tivessem alongado demasiado, o que levou a que
praticamente não houvesse debate em torno das mesmas. O almoço foi excelente e, sendo
volante, permitiu e favoreceu o convívio entre participantes.
A opção pela divisão dos temas e participantes por 4 salas possibilitou que a reflexão e o
debate de cada um tivesse mais tempo e profundidade, mas, por outro lado, obrigou-nos a ter
que optar apenas por um, impedindo-nos de assistir à discussão de outros que também eram
do nosso interesse.
Das apresentações feitas, quer pelos oradores convidados quer pelos representantes do
executivo municipal, poderemos concluir que apesar de ter sido apresentada uma estratégia
de desenvolvimento de médio e longo prazo, conceptualmente correcta, não tem havido uma
intervenção e projectos que por um lado estejam ajustados à realidade actual e por outro
façam face às necessidades e aspirações concretas e imediatas da população.
Os principais indicadores de desenvolvimento apresentados, praticamente todos negativos,
evidenciam bem este desfasamento e o agravamento contínuo da situação do concelho em
quase todas as áreas.
Foram particularmente elucidativas dos problemas da governação as conclusões apresentadas
pelo grupo que se debruçou sobre a conectividade, a informação/comunicação e a
participação.
A falta de iniciativas socio culturais que motivem e envolvam a população (em vez de uma
agenda intensa de eventos pouco mobilizadores e desconectados da realidade local), a
deficiente informação e comunicação (substituída exclusivamente pela propaganda), a
inexistência de infraestruturas de comunicação e de transportes foram as principais críticas
apontadas.
Na mesa em que participei, Indústria, Construção civil e Energia, as principais conclusões
apontaram para: 1) necessidade de concretização urgente da nova zona empresarial, projecto
já com mais de uma década, evitando perder tempo com e o estudo de eventuais novas
localizações; 2) resolução urgente do problema dos resíduos de construção e demolição; 3)
desenvolvimento o mais rápido possível, pela autarquia, das propostas já apresentadas de
criação das comunidades de energia renovável do Centro Histórico e da Mina de S. Domingos
Para finalizar referir que é pena que a par do retomar pela CMM dos Encontros de Empresários
não tenham sido reactivados os Prémios Municipais Empresas, criados há mais de uma década
e inexplicavelmente esquecidos.
Jorge Pulido Valente
sábado, 18 de março de 2023
Crónica Cidadania Activa 12 Transição digital e politicas públicas regionais
Crónica Cidadania Activa 12
Transição digital e politicas públicas regionais
iniciativa e projecto de importância fundamental para a
transição digital neste território de
interior, sempre tão esquecido pelo poder central no
processo de inovação e
desenvolvimento.
Na verdade, tomando como exemplo o caso de Mértola para
ilustrar o que se passa em toda a
nossa região alentejana, verifica-se a inexistência na
grande maioria do concelho de rede de
fibra óptica, inclusive no centro histórico, na sede do
município. Daí decorre que a cobertura
de rede da internet é manifestamente insuficiente e
desadequada relativamente
àsnecessidades da população em geral e das empresas e
serviços em particular.
As operadoras, tendo em conta a pouca rentabilidade do investimento
não estão dispostas a
investir nas infraestruturas subterrâneas e a autarquia
também não se preocupa com o
assunto nem faz qualquer esforço no sentido de resolver o
problema, dificultando até, no caso
do Centro Histórico, a intervenção das empresas do sector,
ao impedir a colocação, mesmo
que temporária, de cabos aéreos.
Sem que todas as localidades tenham acesso à fibra óptica
dificilmente a transição digital se
fará sem deixar para trás as populações do vasto território
interior e remoto do nosso País.
Todos os projectos integrados no programa mais global da
Agenda Digital do Alentejo,
pressupõem a existência prévia de uma infraestrutura de
suporte ao funcionamento adequado
e nas melhores condições técnicas da rede de Internet.
Pelos motivos acima referidos foi com grande satisfação que
ouvi o Secretário de Estado das
Infraestruturas anunciar, neste evento, que iria finalmente
avançar o concurso para o
alargamento da rede de fibra óptica a todas as freguesias do
País. Esperemos que não só a
obra avance em tempo útil como também não sofra amputações a
meio do percurso, deixando
mais uma vez de fora as localidades mais periféricas e menos
povoadas, sem interesse
comercial para as operadoras.
A Agenda Digital do Alentejo, lançada agora de forma pioneira,
pela CCDRA e a ADRAL é um
projecto estruturante para o futuro do Alentejo e um
primeiro passo positivo na definição de
políticas públicas regionais consequentes a que seguirão,
segundo me garantiu a minha ex-
colega vice-presidente, Carmen Carvalheira, intervenções na
área da energia e da economia
circular, no quadro da sustentabilidade do território.
De destacar ainda, na apresentação realizada, a opção por um
verdadeiro modelo de
governação partilhada, integrada e participativa, sem o qual
este projecto estaria votado ao
fracasso, sobretudo num território remoto e despovoado como
o Alentejo.
Faço votos para que, finalmente, a CCDRA, com uma liderança
que não esteja refém dos
interesses partidários e pessoais, assuma o papel que lhe
cabe na definição e concretização
das políticas públicas regionais que tenham em consideração
as especificidades, as
necessidades e as prioridades do nosso território.
Jorge Pulido Valente