As Nucleares
Medicina Nuclear é a placa que indica o meu destino de hoje
para realizar mais um exame médico de nome complicado que me abstenho de tentar
repetir. Entrada de cadeira de rodas tal como mandam as regras, nada de
especial ou de diferente no que ao edifício respeita. Adivinham-se equipamentos
e máquinas e autocolantes muitos
autocolantes com com os assustadores símbolos da radiação nuclear. Mas o mais
espantoso é a organização, muita gente a circular, mas todos com ar
compenetrado de quem sabe o que está a fazer ou vai fazer. Ninguém se atropela,
os muitos movimentos no corredor parecem executados por bailarinos bem
ensaiados, não há perdas de tempo, instruções claras, caminhos definidos. Entre
intervenientes, médicos enfermeiros, auxiliares e técnicos uma harmonia quase
perfeita, qual formigueiro ou colmeia em que todos trabalham para todos mas
principalmente para os pacientes.
Uma idosa acima dos 80 anos, proveniente de Baião, que andou
perdida no gigantesco hospital estava maravilhada a tomar um ligeiro
pequeno-almoço na companhia de uma auxiliar a quem já tinha contado metade da
sua vida e partilhado a sua esperança de cura, e com quem partilhava
fotografias do bisneto mais novo.. Saiu depois de realizar o seu exame agora
acompanhada para a saída do hospital.
Estavam presentes duas crianças pequenas também para fazer
exames médicos. A equipa desdobrou-se para encontrar sítios para amamentar e
alimentar, improvisaram sítios para as crianças dormirem e descansarem um
pouco, preocupação, eficiente mas provida de humanidade.
Os meus exames foram repetidos vãrias vezes porque a médica
responsável não considerava terem qualidade suficiente as imagens obtidas o que
me obrigou a ficar várias horas com as NÙCLEARES e me permitiu demonstrar o meu
agradecimento a alguns dos profissionais e também â chefe de serviços. Aquele
serviço é um dos melhores exemplos de que é possível fazer muito, fazer bem e
fazer com humanidade. As NUCLEARES até quando estão a descansar não deixam de
estar a trabalhar.