Cidadania Activa 20
Pomarão: de abandonado a adiado
No último sábado participei, com grande interesse e expectativa, nas Jornadas do Peixe do Rio,
em boa hora realizadas pela Câmara Municipal de Mértola no Pomarão, em substituição do
Festival que, durante mais de uma década, levava todos os anos àquela pitoresca localidade
ribeirinha do Guadiana milhares de pessoas e muita animação.
Lamentavelmente, duas das entidades anunciadas no programa que prometiam intervenções
de muito interesse para projectos futuros, não compareceram.
Dos participantes (não contando com os organizadores, palestrantes e entidades signatárias
do protocolo), à volta de uma dúzia, apenas 3 eram do Pomarão, o que é pena.
A intervenção inicial do presidente da Câmara, Mário Tomé, foi elucidativa e reveladora da
situação de abandono a que esteve votado o Pomarão nesta última década (depois de todos
os significativos investimentos realizados nos meus mandatos) e da perspectiva de adiamento
em que o presente executivo o irá manter durante o actual mandato.
O autarca começou por referir que a sua estratégia, ao contrário da dos anteriores
presidentes, passa por não organizar nenhuma iniciativa pública para debater as questões
ainda por resolver da navegabilidade rio Guadiana até Mértola e para comprometer as
entidades públicas na sua resolução, só estando disponível para o fazer quando houver algo
importante para anunciar. É uma opção com a qual não posso de modo algum concordar, uma
vez que se não tivessem sido todas as acções públicas que desenvolvemos ao longo de 2
décadas para mobilizar todos os parceiros públicos e privados ainda hoje não teríamos a ponte
do Pomarão e a navegabilidade assegurada até esta localidade bem como o projecto para o
troço restante. Se não houver esta permanente pressão sobre os organismos do Estado o
assunto cairá no esquecimento ou passará para 2ª prioridade de investimento.
Seguidamente, justificou a não realização do Festival do Peixe do Rio com a necessidade de
reflexão sobre o modelo da iniciativa. Pergunta-se: um ano não foi suficiente para fazer esse
trabalho de inovar e melhorar o modelo anterior, de sucesso comprovado? Porque não foi
ainda promovida a avaliação das anteriores edições e solicitadas aos residentes e visitantes
sugestões de melhoria? Pareceu-me mais uma desculpa para encobrir outras razões
(incapacidade operacional? financiamento?) que uma justificação.
No que respeita ao estado de abandono da povoação, nomeadamente, no que respeita ao
planeamento, saneamento básico, arruamentos, equipamentos públicos, edificado e
estruturas náuticas, Mário Tomé, veio justificar tal situação com a necessidade de ser feita
uma nova abordagem macro (seja lá o que isso for). Pergunta-se: haverá necessidade disso,
com todos os programas, projectos e investimentos previstos e aprovados para o Pomarão há
mais de uma década e que não foram concretizados por falta de vontade política do anterior
executivo?
Já a apresentação do projecto Sailing Guadiana, feita pela vereadora Rosinda, revelou um
sentido estratégico e objectivos concretos para o desenvolvimento do turismo náutico no rio,
embora não se entenda porque razão a Câmara foi pagar milhares de euros a uma empresa
externa, para elaborar um trabalho que já existe há mais de uma década na autarquia e que só
não está concretizado porque o anterior executivo, decidiu abandoná-lo, optando por outros
investimentos e deixando ao abandono o que já tinha sido executado nesse âmbito. Até final
deste mandato o Pomarão irá, assim, continuar “abandonadado”!
Jorge Pulido Valente
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