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sábado, 18 de março de 2023

Crónica Cidadania Activa 12 Transição digital e politicas públicas regionais

 








Crónica Cidadania Activa 12

Transição digital e politicas públicas regionais

 Foi apresentada esta semana na CCDR Alentejo, em Évora a Agenda Digital para o Alentejo,

iniciativa e projecto de importância fundamental para a transição digital neste território de

interior, sempre tão esquecido pelo poder central no processo de inovação e

desenvolvimento.

Na verdade, tomando como exemplo o caso de Mértola para ilustrar o que se passa em toda a

nossa região alentejana, verifica-se a inexistência na grande maioria do concelho de rede de

fibra óptica, inclusive no centro histórico, na sede do município. Daí decorre que a cobertura

de rede da internet é manifestamente insuficiente e desadequada relativamente

àsnecessidades da população em geral e das empresas e serviços em particular.

As operadoras, tendo em conta a pouca rentabilidade do investimento não estão dispostas a

investir nas infraestruturas subterrâneas e a autarquia também não se preocupa com o

assunto nem faz qualquer esforço no sentido de resolver o problema, dificultando até, no caso

do Centro Histórico, a intervenção das empresas do sector, ao impedir a colocação, mesmo

que temporária, de cabos aéreos.

Sem que todas as localidades tenham acesso à fibra óptica dificilmente a transição digital se

fará sem deixar para trás as populações do vasto território interior e remoto do nosso País.

Todos os projectos integrados no programa mais global da Agenda Digital do Alentejo,

pressupõem a existência prévia de uma infraestrutura de suporte ao funcionamento adequado

e nas melhores condições técnicas da rede de Internet.

Pelos motivos acima referidos foi com grande satisfação que ouvi o Secretário de Estado das

Infraestruturas anunciar, neste evento, que iria finalmente avançar o concurso para o

alargamento da rede de fibra óptica a todas as freguesias do País. Esperemos que não só a

obra avance em tempo útil como também não sofra amputações a meio do percurso, deixando

mais uma vez de fora as localidades mais periféricas e menos povoadas, sem interesse

comercial para as operadoras.

A Agenda Digital do Alentejo, lançada agora de forma pioneira, pela CCDRA e a ADRAL é um

projecto estruturante para o futuro do Alentejo e um primeiro passo positivo na definição de

políticas públicas regionais consequentes a que seguirão, segundo me garantiu a minha ex-

colega vice-presidente, Carmen Carvalheira, intervenções na área da energia e da economia

circular, no quadro da sustentabilidade do território.

De destacar ainda, na apresentação realizada, a opção por um verdadeiro modelo de

governação partilhada, integrada e participativa, sem o qual este projecto estaria votado ao

fracasso, sobretudo num território remoto e despovoado como o Alentejo.

Faço votos para que, finalmente, a CCDRA, com uma liderança que não esteja refém dos

interesses partidários e pessoais, assuma o papel que lhe cabe na definição e concretização

das políticas públicas regionais que tenham em consideração as especificidades, as

necessidades e as prioridades do nosso território.


Jorge Pulido Valente

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