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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

Crónica Cidadania Activa 8 - Gerir não chega, é preciso governar!




Gerir não chega, é preciso governar!

“O Governo limita-se a gerir, comunicar e a controlar danos, não lançando nem executando reformas de fundo. Os partidos da oposição não arriscam a apresentação de alternativas e limitam-se a um registo de combate” (Jorge Moreira da Silva)

Apesar da subida da inflacção, da guerra e da crise energética, Portugal encontra-se numasituação favorável em termos de crescimento económico, recebimento de recursos financeirosexternos (PRR, Portugal 2030), investimento privado e emprego.

Com este cenário positivo e animador, seria de esperar que as pessoas se sentissem satisfeitas e que a agitação social fosse reduzida, mas, ao invés, há um enorme e transversal mal-estar e descontentamento e uma forte e generalizada contestação popular.

Com efeito, todos os principais sectores da sociedade, da educação à saúde, passando pela justiça, pelos transportes, pela cultura e pela administração pública, estão em “guerra aberta” com o governo e a opinião pública mudou radicalmente para desfavorável relativamente à maioria absoluta do Partido Socialista. As pessoas perderam a confiança em António Costa e no governo, mas também não acreditam nas oposições.

Poderá haver a tendência ou a tentação para atribuir tal facto à perda do poder de compra, em resultado do aumento dos salários não ser suficiente para acompanhar a subida de preços, conjugada com a perda de confiança no primeiro ministro, devido aos sucessivos e intermináveis casos de nomeações falhadas e demissões de membros do governo e à descoordenação da equipa ministerial.

Em minha opinião, o problema é, infelizmente muito mais grave, porque António Costa está totalmente refém e absorvido pelas urgências da gestão e aplicação imediata e atempada dos avultados fundos europeus disponíveis e também pela resolução dos problemas internos de funcionamento da sua equipa. Perdeu, por isso, a disponibilidade e a visão estratégica de médio e longo prazo, indispensáveis à governação do País, para a resolução dos problemas estruturais, através da execução das reformas inadiáveis em todos os sectores e do lançamento das urgentes políticas publicas integradas, coordenadas e convergentes, actualmente inexistentes em áreas tão prementes como a imigração, a demografia, a coesão territorial, a pobreza, a transição energética, a sustentabilidade, a participação e cidadania, os serviços de interesse geral e a administração pública.

São muitos os sinais diários e os sintomas de que os problemas estruturais se estão a agravar por omissão da governação e que o primeiro ministro se ocupa sobretudo em gerir a distribuição dos dinheiros comunitários e a imagem e a popularidade nos órgãos de comunicação social.

Lamentavelmente, também o presidente da república segue o mesmo caminho, falando publicamente demais sobre tudo e mais alguma coisa e não resolvendo ou ajudando a resolver os problemas.

Jorge Pulido Valente

09/02/23

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