“O Governo limita-se a gerir,
comunicar e a controlar danos, não lançando nem executando reformas de fundo.
Os partidos da oposição não arriscam a apresentação de alternativas e limitam-se
a um registo de combate” (Jorge Moreira da Silva)
Apesar da subida da inflacção, da
guerra e da crise energética, Portugal encontra-se numasituação favorável em
termos de crescimento económico, recebimento de recursos financeirosexternos
(PRR, Portugal 2030), investimento privado e emprego.
Com este cenário positivo e
animador, seria de esperar que as pessoas se sentissem satisfeitas e que a
agitação social fosse reduzida, mas, ao invés, há um enorme e transversal
mal-estar e descontentamento e uma forte e generalizada contestação popular.
Com efeito, todos os principais
sectores da sociedade, da educação à saúde, passando pela justiça, pelos
transportes, pela cultura e pela administração pública, estão em “guerra
aberta” com o governo e a opinião pública mudou radicalmente para desfavorável
relativamente à maioria absoluta do Partido Socialista. As pessoas perderam a
confiança em António Costa e no governo, mas também não acreditam nas
oposições.
Poderá haver a tendência ou a
tentação para atribuir tal facto à perda do poder de compra, em resultado do
aumento dos salários não ser suficiente para acompanhar a subida de preços, conjugada
com a perda de confiança no primeiro ministro, devido aos sucessivos e intermináveis
casos de nomeações falhadas e demissões de membros do governo e à descoordenação
da equipa ministerial.
Em minha opinião, o problema é,
infelizmente muito mais grave, porque António Costa está totalmente refém e
absorvido pelas urgências da gestão e aplicação imediata e atempada dos avultados
fundos europeus disponíveis e também pela resolução dos problemas internos de funcionamento
da sua equipa. Perdeu, por isso, a disponibilidade e a visão estratégica de médio
e longo prazo, indispensáveis à governação do País, para a resolução dos
problemas estruturais, através da execução das reformas inadiáveis em todos os
sectores e do lançamento das urgentes políticas publicas integradas,
coordenadas e convergentes, actualmente inexistentes em áreas tão prementes
como a imigração, a demografia, a coesão territorial, a pobreza, a transição
energética, a sustentabilidade, a participação e cidadania, os serviços de
interesse geral e a administração pública.
São muitos os sinais diários e os
sintomas de que os problemas estruturais se estão a agravar por omissão da
governação e que o primeiro ministro se ocupa sobretudo em gerir a distribuição
dos dinheiros comunitários e a imagem e a popularidade nos órgãos de comunicação
social.
Lamentavelmente, também o
presidente da república segue o mesmo caminho, falando publicamente demais
sobre tudo e mais alguma coisa e não resolvendo ou ajudando a resolver os
problemas.
Jorge Pulido Valente
09/02/23
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