Cidadania Activa 17
Pomarão abandonado!
Na estratégia de desenvolvimento para o concelho de Mértola que tive a oportunidade de
concretizar entre 2001 e 2008, o Pomarão, importante antigo porto do Rio Guadiana, era
considerado um dos polos estruturantes para o turismo, nomeadamente, náutico, pelo que, ao
longo desses anos foram sendo feitos investimentos importantes quer ao nível das
infraestruturas quer dos eventos de animação, valorização e promoção, não só para atrair
visitantes como também para melhorar a qualidade de vida da população e fixar novos
residentes.
Foi assim, entre outros melhoramentos, construída a ponte internacional e os respectivos
acessos, ambição com várias décadas e sempre adiada, a qual permitiu um crescimento muito
significativo das relações e movimentos transfronteiriços; recuperados e (re)activados edifícios
públicos degradados; instalado sistema de abastecimento de água; montados cais (margem
esquerda e direita) e outros equipamentos de apoio à náutica de recreio e à pesca profissional;
iniciado o projecto de navegabilidade; realizados pela primeira vez eventos de animação,
valorização e promoção, dos quais se destaca o Festival do Peixe do Rio.
A estratégia seguida revelou-se adequada e, ao fim de algum tempo, os resultados começaram
a aparecer, designadamente, o crescimento do número de visitantes e os investimentos de
privados quer em habitação quer no turismo.
Lamentavelmente, esta linha de acção foi abandonada e, passados todos estes anos o
Pomarão está abandonado e em processo de degradação e definhamento, apesar das enormes
potencialidades que continua a ter para ser um excelente polo de atração e dinamização
turística do concelho como porta de entrada fluvial e porto de recreio e apoio náutico.
Actualmente, não obstante um dos vereadores da câmara ser daquela localidade, o
desinvestimento é de tal ordem que até o Festival do Peixe do Rio, evento de referência com
lugar cativo e de destaque no calendário turístico regional e até nacional e transfronteiriço, foi
substituído por um insignificante sucedâneo, apelidado de jornadas.
Entretanto, a rede de esgotos e o ultimo troço de estrada de ligação à N265 previstas ser
construídas há mais de uma década continuam eternamente adiadas e os edifícios públicos
anteriormente recuperados estão de portas fechadas e a degradar-se.
Com um orçamento municipal como nunca teve, de mais de 25 milhões de euros, e um saldo
transitado de mais de 11 milhões, não se consegue perceber porque razão este executivo
abandonou esta joia, em vez de investir na sua preservação, revitalização e valorização.
Jorge Pulido Valente
Sem comentários:
Enviar um comentário
Se quer comentar inscreva-se no Blog
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.