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sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Cidadania activa 6 - Os controleiros e comissários políticos

 


Nos partidos políticos , em quase todos, existe uma figura, o controleiro/a e comissário/a político, muitas vezes funcionário/a do dito, responsável, como o nome indica, por controlar o aparelho partidário, o seu funcionamento e zelar pela aplicação das orientações e decisões da direcção e dos dirigentes máximos.

Dado que as competências exigidas para o lugar se resumem a ser a mais fiel "voz do dono", norma
lmente este/esta personagem não é escolhido/a pelos seus méritos, capacidades ou habilitações, bastando evidenciar, desde muito cedo (normalmente nas juventudes partidárias), a sua total disponibilidade para acatar ordens e orientações sem as questionar minimamente nem sequer as analisar ou reflectir sobre elas.

Como não tem o mínimo de sentido crítico este indivíduo/a, para se evidenciar positivamente junto dos seus chefes tem tendência a ser mais papista que o papa e a assumir posições autoritárias ao sentir-se mandatado pelas mais altas instâncias para transmitir orientações e fazer cumprir ordens, mesmo que em determinados contextos elas não sejam aplicáveis.

Em muitos concelhos estes fiscais partidários são nomeados pelos presidentes de câmara para cargos públicos de confiança política (chefe de gabinete, assessor, adjunto) de modo a garantir-lhes um salário (que nalguns casos têm de partilhar minimamente com o partido) e instrumentos de intervenção e controle também dentro dos serviços autárquicos.

Como o nome indica esta figura vive obcecada por tudo controlar não vá haver algum desvio do pensamento único, surgirem opiniões divergentes da linha oficial que afrontem as do poder instituído ou protagonistas que façam sombra aos mandantes.
Os controleiros e comissários, por vezes, acumulam com a presidência dos órgãos partidários concelhios, para que nada escape à ortodoxia.

Ao longo da minha vida política cruzei-me e tive que conviver com alguns destes personagens, mas nunca consegui dar-me bem com eles nem aceitar as suas tentativas de controle e de imposição de pensamento único, e muito menos nutrir por eles simpatia o respeito.

Lamentavelmente, muitos deles singraram dentro dos aparelhos partidários e hoje ocupam os "jobs for the boys" quer a nível nacional quer regional e local.

Jorge Pulido Valente

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