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terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Quando as “aspas“ fazem toda a diferença


Ao ler a reportagem/entrevista que o jornal online OATUAL fez em 10 de fevereiro a Luís Martins presidente da Concelhia do PS Mértola acerca da anunciada candidatura de Mário Tomé à Câmara Municipal de Mértola, deparei-me com o titulo - Foi “unânime” a escolha de Mário Tomé para candidato do PS em Mértola e pareceu-me estranha a grafia “unânime”. Teria a entrevista despertado algumas dúvidas à jornalista Inês Patola?

Li então cuidadosamente o artigo e ouvi com toda a atenção as declarações de Luís Martins, que aqui reproduzo por escrito:

A Concelhia de Mértola já tomou a sua decisão nos órgãos próprios...poderia ... “não o deveria fazer...uma vez que os militantes deveriam ser informados ...primeiro de uma forma oficial...que não aconteceu devido à crise pandémica...mas já é do conhecimento público... portanto não estaria a dizer a verdade se não dissesse o nome ... e o candidato é Mário Tomé ... é de longe e sem dúvida nenhuma o melhor candidato que o PS Mértola poderia apresentar...há uma característica que todos reconhecem no Mário, não só dentro do partido mas também e principalmente ... a comunidade que é a sua proximidade *as pessoas e a sua genuína preocupação pelas pessoas e pelo desenvolvimento de Mértola portanto é uma pessoa com esse perfil que faz falta aos partidos políticos e em concreto ao PS Mértola.

Tenho a certeza que é um nome consensual até porque muito poucos serão os socialistas em Mértola que não conhecem as suas valências e todos os socialistas em Mértola que o quiseram, foram ouvidos sob esta decisão e foram convidados a dar a sua opinião e houve um nome que foi posto em cima da mesa de forma unânime que foi o nome Mário Tomé.

Se entenderem necessário podem ouvir as referidas declarações clicando aqui.

Vamos então tentar perceber as declarações do “Presidente” Luís Martins... que me parece ter-se baralhado um bocadinho. Começa por afirmar que a concelhia tomou a sua decisão nos órgãos próprios, para logo a seguir reconhecer que “não o deveria fazer...uma vez que os militantes deveriam ser informados ...primeiro de uma forma oficial...o que não aconteceu”, justificando logo a seguir, atabalhoadamente, o não cumprimento dessa informação aos militantes com a pandemia...Desculpa esfarrapada...

De seguida informa o nome escolhido e lembra algumas das características que justificam a escolha “...a sua proximidade às pessoas e a sua genuína preocupação pelas pessoas e pelo desenvolvimento de Mértola...”. Parece-me poucochinho...

Afirma mais à frente “... Tenho a certeza que é um nome consensual e todos os socialistas em Mértola, que o quiseram, foram ouvidos sobre esta decisão e foram convidados a dar a sua opinião. ...”Aqui o Senhor “Presidente” da concelhia de Mértola do Partido Socialista, meteu mesmo os pés pelas mãos, omitindo a verdade. Eu sou militante e posso indicar mais meia dúzia de militantes que não foram nem consultados nem ouvidos sobre esta decisão, logo, o nome de Mário Tomé não surgiu obviamente de forma unânime.

Importa referir que, pessoalmente, não tenho nada contra o Mário Tomé, enquanto pessoa, mas poderia aqui indicar meia dúzia de nomes com características no mínimo ao mesmo nível e algumas claramente superiores, todos passiveis de serem colocados à consideração como candidatos.

Engana-se o Senhor Luís Martins ao pensar que é a palavra unanimidade que confere legitimidade ao candidato anunciado, a palavra maioria conferiria uma legitimidade reforçada, pois indicaria discussão, confronto de ideias, escolha. Esquece também que há algo mais importante que um nome: -- Falo de um projeto, da indicação de um caminho, de ideias para implementar. Não Senhor Luís Martins, não chega dizer que o candidato tem proximidade às pessoas e genuína preocupação pelas pessoas e pelo desenvolvimento de Mértola”, essa dita vantagem do Mário Tomé é apenas uma condição básica indispensável para se ser candidato autárquico e que a maioria das pessoas do concelho de Mértola reúne, o que, portanto, não o distingue como potencial candidato. O que distingue um bom candidato dos demais, em termos de perfil, é ter visão, estratégia, competência, conhecimento, liderança, sentido de missão e serviço público, humildade, capacidade para motivar, envolver e mobilizar, disponibilidade e espírito de sacrifício, inteligência relacional e empatia com as pessoas. É curto, muito curto, e enfraquece a candidatura do PS.

Depois desta análise percebi as “aspas” utilizadas pela jornalista, que, provavelmente, percebeu o mesmo que eu, por isso as aspas fazem mesmo toda a diferença.

OPINIÃO de Carlos Viegas

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