Cavaco Silva foi eleito à primeira volta. Sem surpresas.
Manuel Alegre ficou abaixo da votação obtida nas últimas presidenciais. Sem surpresas.
Dos resultados obtidos pelos candidatos Francisco Lopes e Defensor Moura, também nada há de relevante a acrescentar. O primeiro recebeu, como se esperava, os votos dos seus camaradas de partido, em obediência à disciplina partidária. Ambos falharam o objectivo que se propuseram de levar Cavaco Silva à segunda volta, mostrando a irrelevância das respectivas candidaturas na disputa em causa. Sem surpresas, pois.
Surpresas, talvez, apenas duas. A primeira, a votação obtida por Fernando Nobre, o homem que disse candidatar-se em nome da cidadania, esse valor que mais alto se levanta. A segunda e, em minha opinião, por razões contrárias, a candidatura de José Manuel Coelho, que atinge, sobretudo, na Madeira, votações impensáveis. E preocupantes, para aqueles que têm da política uma ideia de serviço público. E nobre. E já agora, e não menos importante, a ideia de que se trata duma coisa séria. O que para alguns foi a introdução do humor na campanha presidencial, para mim foi a descredibilização da política, em geral, e da função presidencial, em particular.
Como pretender mobilizar as pessoas para uma campanha, apelando à sua participação e pedindo o seu voto, quando um dos candidatos se dirige ao país, aos eleitores, como se estivesse num circo? Como responder aos apelos para votar nas eleições para o mais alto magistrado da Nação, aquele que nos representará enquanto povo e enquanto país, quando um dos meios de publicidade da respectiva campanha é um carro funerário? O que ganhou, cada um de nós, com este espectáculo pago com o dinheiro que nem sequer é o dinheiro de todos nós, mas o dinheiro que não temos e, não tendo, acresceu à nossa dívida, essa, sim, a dívida de todos nós, aquela que vamos ter de pagar.
Com campanhas como esta, a ocupar jornais e telejornais, arredada da questão central que deveria ser o que pode o país esperar da acção do Presidente face aos poderes que lhe confere a Constituição, e face aos grandes e graves problemas que o país atravessa, como esperar uma maior mobilização dos portugueses?
Por isso, é também sem grande surpresa que olhamos para a taxa de abstenção, uma das mais elevadas de sempre que, agora, para não se admitirem várias culpas próprias, se atribui, em grande parte, às temperaturas muito baixas que se fizeram sentir no passado domingo e terão afastado muitos das urnas.
A campanha terminou. Mas é preciso não encerrar, de vez o processo e reflectir sobre algumas escolhas e sobre a actuação de alguns agentes políticos. Mas é também tempo de reflectir e questionar o papel dos media em todos este processo. Como referiu, a propósito, António Vitorino, a comunicação social gosta mais de casos do que de causas. São os casos que vendem e não as causas e a imprensa, na maior parte dos casos, resume-se a um negócio. E, o que é mais grave, é que essa mesma imprensa, sempre tão lesta a falar dos negócios de toda a gente, não gasta tinta a falar dos seus. Sem surpresa, também.
Com tamanha previsibilidade, quase apetece perguntar:
– Não podíamos ter deixado tudo como estava e poupavam-se nove milhões de euros?
Por
MARIA FERNANDA ROMBA
Manuel Alegre ficou abaixo da votação obtida nas últimas presidenciais. Sem surpresas.
Dos resultados obtidos pelos candidatos Francisco Lopes e Defensor Moura, também nada há de relevante a acrescentar. O primeiro recebeu, como se esperava, os votos dos seus camaradas de partido, em obediência à disciplina partidária. Ambos falharam o objectivo que se propuseram de levar Cavaco Silva à segunda volta, mostrando a irrelevância das respectivas candidaturas na disputa em causa. Sem surpresas, pois.
Surpresas, talvez, apenas duas. A primeira, a votação obtida por Fernando Nobre, o homem que disse candidatar-se em nome da cidadania, esse valor que mais alto se levanta. A segunda e, em minha opinião, por razões contrárias, a candidatura de José Manuel Coelho, que atinge, sobretudo, na Madeira, votações impensáveis. E preocupantes, para aqueles que têm da política uma ideia de serviço público. E nobre. E já agora, e não menos importante, a ideia de que se trata duma coisa séria. O que para alguns foi a introdução do humor na campanha presidencial, para mim foi a descredibilização da política, em geral, e da função presidencial, em particular.
Como pretender mobilizar as pessoas para uma campanha, apelando à sua participação e pedindo o seu voto, quando um dos candidatos se dirige ao país, aos eleitores, como se estivesse num circo? Como responder aos apelos para votar nas eleições para o mais alto magistrado da Nação, aquele que nos representará enquanto povo e enquanto país, quando um dos meios de publicidade da respectiva campanha é um carro funerário? O que ganhou, cada um de nós, com este espectáculo pago com o dinheiro que nem sequer é o dinheiro de todos nós, mas o dinheiro que não temos e, não tendo, acresceu à nossa dívida, essa, sim, a dívida de todos nós, aquela que vamos ter de pagar.
Com campanhas como esta, a ocupar jornais e telejornais, arredada da questão central que deveria ser o que pode o país esperar da acção do Presidente face aos poderes que lhe confere a Constituição, e face aos grandes e graves problemas que o país atravessa, como esperar uma maior mobilização dos portugueses?
Por isso, é também sem grande surpresa que olhamos para a taxa de abstenção, uma das mais elevadas de sempre que, agora, para não se admitirem várias culpas próprias, se atribui, em grande parte, às temperaturas muito baixas que se fizeram sentir no passado domingo e terão afastado muitos das urnas.
A campanha terminou. Mas é preciso não encerrar, de vez o processo e reflectir sobre algumas escolhas e sobre a actuação de alguns agentes políticos. Mas é também tempo de reflectir e questionar o papel dos media em todos este processo. Como referiu, a propósito, António Vitorino, a comunicação social gosta mais de casos do que de causas. São os casos que vendem e não as causas e a imprensa, na maior parte dos casos, resume-se a um negócio. E, o que é mais grave, é que essa mesma imprensa, sempre tão lesta a falar dos negócios de toda a gente, não gasta tinta a falar dos seus. Sem surpresa, também.
Com tamanha previsibilidade, quase apetece perguntar:
– Não podíamos ter deixado tudo como estava e poupavam-se nove milhões de euros?
Por
MARIA FERNANDA ROMBA
Acho que o mais importante a retirar da candidatura do José Manuel Coelho, foi a expressiva votação obtida na Madeira, sendo que ficou à frente do actual presidente em muitas localidades. Parece um claro pedido de ajuda dos madeirenses.
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