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sexta-feira, 4 de junho de 2010

Federação do Baixo - Alentejo do Partido Socialista apoia a candidatura de Alegre à Presdiência da República

Subscrita pelo respectivo Presidente, o deputado Pita Ameixa, a Federação do Baixo - Alentejo do Partido Socialista emitiu em 31 de Maio o seguinte comunicado:

«A Comissão Política da Federação do Baixo -Alentejo, reunida, hoje, em Pias, Concelho de Serpa, analisou a situação política.

Em destaque o tema das próximas eleições presidenciais.

A Comissão política da Federação do Baixo - Alentejo acompanha a deliberação da Comissão Nacional do Partido de apoiar a candidatura a Presidente da República de Manuel Alegre.

Os órgãos próprios da Federação e das concelhias e Secções empenhar-se-ão nas acções necessárias à promoção da candidatura e ao desenvolvimento do processo eleitoral.

Manuel Alegre é portador da base ideológica do socialismo democrático, é militante do PS e protagoniza os valores da liberdade democrática, da justiça social e da afirmação de Portugal como realidade política e cultural.

A candidatura de Manuel Alegre deve ser vista como uma candidatura de valores e da democracia.

A Federação do Baixo-Alentejo do Partido Socialista apela à participação de todos os socialistas no processo participativo e democrático com vista à eleição de Manuel Alegre como Presidente da República.»

Mas sabe-se bem que nem todos os socialistas estão unidos em torno da candidatura de Alegre. Mas sempre isso aconteceu com todas as eleições presidenciais, com excepção da primeira, no rescaldo da revolução, no já distante ano de 1976.

O Partido Socialista é um partido plural, não unanimista e a sua força reside justamente na diversidade de opiniões e de sensibilidades.

Logo em 1981, o PS dividiu-se perante a recandidatura de Ramalho Eanes. A direita (PPD e CDS) apresentou Soares Carneiro como candidato. Mário Soares, recusando a recandidatura de Eanes, despartidarizou-se, divergiu das posições do Secretariado do PS para poder apoiar Soares Carneiro. Eanes foi o vencedor desta disputa.

Em 1986, o espaço socialista apareceu novamente dividido: Mário Soares, Salgado Zenha e Lurdes Pintasilgo. Freitas do Amaral protagonizava as forças da direita, apoiado pelo CDS e pelo PSD, dirigido já por Aníbal Cavaco Silva. O Partido Comunista apresenta um candidato próprio, Ângelo Veloso , o qual, à boca das urnas, desiste e apela ao voto em Salgado Zenha. No final da primeira volta Freitas lidera com cerca de 46,3% dos votos, seguido por Soares com 25,43% dos sufrágios. Na segunda volta Soares derrota Freitas do Amaral e torna-se Presidente da República.

Em 1996 foi Jorge Sampaio quem, a ano e meio de vista das presidenciais, anuncia a sua candidatura à Presidência da República, na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa. Sampaio não era uma figura consensual dentro do Partido Socialista. O aparelho preferia Fernando Gomes e o próprio Soares chegou a contactar Rui de Alarcão que fora reitor da Universidade de Coimbra. Não sendo uma figura consensual dentro do Partido Socialista (talvez por isso cedo se posicionou no terreno), Sampaio derrota copiosamente Cavaco Silva à primeira volta.

Finalmente, em 2006, nova divisão no PS: numa luta fratricida entre Soares e Alegre, Cavaco é eleito à primeira volta com a escassa margem de 50, 59 % dos sufrágios.


Pode, pois, concluir-se que nunca no PS houve unanimidade em torno das presidenciais.

12 comentários:

  1. Caro António Transtagano,

    Li com toda a atenção este seu último post, mas há uma passagem do mesmo que me deixou um bocado admirado, para não dizer baralhado. Diz que Mário Soares, em 1981, se “despartidarizou” para apoiar Soares Carneiro. Então Soares Carneiro não era o candidato da direita, apoiado pelo PPD/PSD de Sá Carneiro, este falecido uns dias antes da eleição, num trágico acidente de aviação? E Mário Soares fez uma malvadez dessas? Apoiou tal candidato! Sou mesmo muito jovem! Só pode ser!

    Abraço.

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  2. E agora como vai ser? Vai ser muito gira a campanha pelo Manel Alegre.Estou ansioso para ver como vai ser em Mértola. A federação do PS apoiao logo as estruturas locais também apoiarão não sendo obrigas a isso. O cerco apertou-se ao Cláudio Torres.E agora? O Bloco apoia o Manel. O manel é o homem mais à Esquerda dos candidatos.Mas o Ps apoia mtambém o Alegre.Bem ele tem uma hipotese é apoiar o Bernardino que acha que o regime da Correia do Norte é mais do que democrático.Estou a ver o comicio do Manuel Alegre do Teatro como oradores. O Presidnte da Concelhia que parece que é o Mário, depois pelo Bloco o Cláudio Torres, O veterinária que votava com ele quase sempre contra no Parlamento e antes do Manel fechar a sessão também deve falar algum representante da familia Matias, alguém que pertencesse ao MIM.É pá vai ser tão giro quando chegar ao fim que quem quizer concluir não tem ponta por onde se pegue. Se as televisões sabem vai ser abertura de telejornais.
    EU VOU FICAR NA PRIMEIRA FILA

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  3. Caro Resistente

    Eu não devo nem posso qualificar comportamentos, muito menos de malvadez.

    Soares despartidarizou-se (auto-suspendou-se do PS) nessa ocasião, recusando o apoio que o seu Partido dera a Eanes.

    Como o voto é secreto e como Mário Soares não se absteve, conforme ele próprio reconheceu, restava o voto (que eu traduzi por apoio)em Soares Carneiro.

    De resto, Mário Soares e Sá Carneiro tiveram sempre em comum o "ódio de estimação" a Eanes e, mais tarde, ao PRD, como saberá. O único candidato nas eleições de 81 em condições de poder derrotar Eanes (desígnio principal de Mário Soares) era justamente o Gen Soares Carneiro, que foi o candidato mais votado depois de Ramalho Eanes!

    A menos que o meu caro Resistente defenda que o voto de Mário Soares foi para Otelo Saraiva de Carvalho, Galvão de Melo ou Pires Veloso (qualquer destes dois últimos da direita "marginal").

    Dispensar-me-ia de referir que em Política o que parece...é.

    Cumprimentos

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  4. Caro Bresnev

    Não faço suposições sobre como vai ser ou deixar de ser a campanha da Alegre em Mértola. Por conseguinte, recuso-me a traçar cenários.

    Segundo li ontem, na edição em papel do Expresso, a campanha será dirigida por Duarte Cordeiro, actual líder da Juventude Socialista. E à pergunta que lhe foi dirigida ( como iria juntar Sócrates e Louçã), a resposta foi: "logo se vê, ainda nem sabemos se esta é uma companha de comícios".

    Na mesma edição, Alegre foi ainda mais prático: "os comícios faço-os eu".

    Mas eu bem compreendo, caro Bresnev, como as questões pessoais infelizmente muitas vezes se sobrepôem às questões essenciais, numa visão um tanto paroquiana das coisas.

    Abstraindo dos protagonismos pessoais, há-de convir-se que, por mais de uma vez, para falar só na actual legislatura, o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista, coma a ajuda do PCP, votaram juntos, derrotando desse modo a Direita.

    Exemplos? O casamento entre pessoas do mesmo sexo e a questão do TGV. O pragmatismo sebrepôs-se, pois, às divergências. O que é perfeitamente normal em sociedades plurais, como é a nossa.

    Nestes casos, o pragmatismo assumido, em nome de valores comuns, e a racionalidade postergaram a visão maniqueísta das coisas: nem tudo a preto nem tudo a branco!

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  5. Caro António Transtagano,

    Eu retiro a palavra “malvadez”, dado que a usei inopinadamente, descurando o sentido que lhe está subjacente.

    Eu queria apenas discordar que Mário Soares fosse capaz de votar Soares Carneiro (um candidato da direita). Também não estou a vê-lo a votar em qualquer um dos três que refere.

    Por conseguinte, a sua análise está correctíssima: Mário Soares, se não se absteve (pormenor que eu desconhecia), só pode ter votado no Gen. Soares Carneiro.

    Cumprimentos.

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  6. Caro António Medeiros

    E vota muito bem. Cavaco agradece!

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  7. Voto muito bem, penso sinceramente que sim, tenho a certeza de que a candidatura de Fernando Nobre pode contribuir para a existência de uma segunda volta, ou pensa que seria possível derrotar o Cavaco na primeira volta na actual conjuntura.
    Fernando Nobre cuja carreira fala por si, è realmente um candidato de ruptura è a oportunidade que os Portugueses temos de votar em alguém de fora do sistema.
    È um homem reconhecido mundialmente, com capacidade de abrir portas a Portugal em áreas geográficas de grande crescimento económico, è um homem com uma experiencia e uma vida que seguramente traria ao país uma lufada de ar fresco.
    Quem não agradecerá será Cavaco!
    Disso também tenho a certeza.

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  8. Caro António Medeiros

    A ver vamos.
    Evidentemente que Fernando Nobre é um homem estimável, com uma obra notável à frente da AMI, dedicado a causas humanitárias e digno do maior apreço.
    Mas não é por ser conhecido mundialmente nem pelos seus méritos enquanto médico que faz dele um candidato politicamente credível para o cargo de Presidente da República.
    Se fosse viva e portuguesa fosse, acha o caro António Medeiros que Madre Teresa de Calcutá daria uma boa Presidente da República?
    Eu lamento muito dizê-lo mas as candidaturas "de fora do sistema" não trazem no bojo outra coisa que não seja o populismo reaccionário e o discurso anti-partidos. E, neste contexto, candidaturas assim não se apresentam para ganhar mas unicamente para impedir outrem de disputar a vitória.
    Não sendo preciso ir mais longe, Mértola já passou por experiências análogas. Refiro-me muito concretamente ao MIM - Movimento Independente de Mértola. Esta formação "política" jamais aspirou a governar o concelho. O único desígnio foi o de tentar retirar ao Partido Socialista a maioria, dela se esperando as mais espúrias alianças, como veio de resto a verificar-se...
    Como escrevi aqui há cerca de um ano, desconfio logo quando ouço falar em "independentes" .
    Mas acresce que Fernando Nobre não está "virgem" na política, muito longe disso! Foi mandatário do BE às eleições europeias de há um ano, logo a seguir apoiou António Capucho para a Câmara de Cascais ao mesmo tempo que apoiava António Costa nas autárquicas de Lisboa. Por outro lado, nas presidenciais de 2006 fez parte da Comissão de honra na candidatura de Mário Soares à Presidência da República. Em 2002 Fernando Nobre apoiara Durão Barroso nas eleições legislativas.
    Com este historial, Fernando Nobre não deixa de ser um médico estimável digno do maior louvor mas não deixa de ser também um catavento político.
    Do meu ponto de vista, o voto, o meu voto, despido de quaiquer cargas emocionais, utilizo-o eu como um processo racional com vista a contribuir para a concretização das minhas escolhas políticas.
    Se outras candidaturas da Direita não se perfilarem - e nada está excluído a este propósito - só dois candidatos estarão em condições de disputar vitoriosamente a Presidência: Aníbal Cavaco Silva e Manuel Alegre.
    Se, por opção, não desejo a reeleição de Cavaco, um conservador de direita com um péssimo desempanho do seu actual mandato, resta-me racionalmente votar em Alegre. Mesmo que não gostasse de Alegre, o meu voto seria este, haja ou não haja segunda volta.
    O seu raciocínio (impedir que Cavaco ganhe à primeira volta)não é, de todo, linear. Isto é: dá por provado que Nobre serve para tirar votos a Cavaco... Mas o que a generalidade dos analistas dizem é precisamente o contrário. Nobre está na refrega para atrapalhar Alegre. E a preocupação é tanta que o próprio candidato já disse que iria colocar este em 3º lugar! E acusa-o de contar já com o apoio de dois partitos, o BE e o PS. Faltou dizer que também Cavaco, se se recandidatar, será apoiado por dois partidos: PSD e CDS/PP.

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  9. Caro António Transtagano
    A resposta à sua interrogação relativamente à Madre Teresa de Calcutá è, evidentemente que não!
    E reconheço a pertinência e inteligência da sua interrogação, mas haverá de reconhecer que estamos a falar de casos diferentes, Fernando Nobre è o líder de uma organização que acta a nível mundial, e è isso mesmo um líder, coisa que Portugal precisa e também a Europa.
    E o facto de ser um grande líder, com uma experiencia enorme na abordagem a graves problemas da humanidade a nível mundial, tê-lo-á preparado para os desafios que se colocam a um presidente, mais do que um presidente que se anunciava como o mais bem preparado para enfrentar os problemas que se colocavam ao país, fundamentalmente económicos, alguém que como se viu, não só não foi providencial tal como havia prometido, como teve muita falta de sensibilidade, muita falta de “feeling”, precisamos de alguém com capacidade de compreender o mundo, a necessidade de mudança, e acredito que Fernando Nobre è o candidato cujo perfil mais vai ao encontro do que Portugal e a Europa necessitam.
    Tenho de lhe dizer que achei alguma piada a sua abordagem sobre as candidaturas "de fora do sistema", não terá sido assim que se anunciou o Manuel Alegre há 4 anos.
    Concordo consigo genericamente, relativamente ao exemplo local que citou, mas não se aplica a Fernando Nobre, nem acho que se tenha aplicado há 4 anos atrás.
    Acredito também, que a única forma de derrotar um presidente em funções, mesmo no caso Cavaco que teve um desempenho entre o razoável e o sofrido, è com fortes candidaturas capazes de mobilizar o eleitorado, numa segunda volta esse eleitorado que não votou em Cavaco tenderá a optar pela candidatura que se lhe opõe.
    Obviamente na segunda volta eu votarei em Fernando Nobre, ou em Manuel Alegre.

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  10. Caro António Medeiros

    I - Com todo o respeito, o seu “evidentemente que não" a Madre Teresa de Calcultá deixa-me as maiores reservas! Porque não? Diz-me que Fernando Nobre é um líder a nível mundial. Mas seria necessário acrescentar que é líder numa área específica e determinada: a medicina humanitária.
    Mas, se não Madre Teresa, porque não Bento XVI ou José Mourinho? São líderes conhecidos a nível mundial. Ou não serão? Do que estamos a falar é de política, não de medicina nem de filantropia, nem de religião ou de futebol, por muito excelentes que sejam os seus protagonistas.
    “Um homem de ruptura”, como disse no seu anterior post. Mas ruptura com quê e com quem? Ruptura com a Constituição da República? Ruptura com o regime democrático? Ruptura com o sistema partidário?. Era necessário esclarecer isto e não vi Fernando Nobre explicá-lo nem lhe pressenti qualquer resquícios de ideologia. Do que se sabe é que andou a navegar por várias formações políticas , apoiando distintas personalidades de raiz ideologicamente oposta.
    O seu discurso (de Nobre, evidentemente) parece ser um discurso anti-partidos: “Alegre é apoiado por dois partidos políticos”, disse-o repetidamente. Mas aceitava o apoio do PS (antes deste apoiar Alegre). Depois disto, sentir-se-ia orgulhoso de ser apoiado por Soares (uma seta envenenada, decerto involuntária)! Sendo certo que há menos de um ano Nobre dizia que as ideias do Bloco de Esquerda eram as dele, sempre defendidas nos seus livros, nos seus editoriais, nas sua conferências, nos seus protestos, nos seu gritos!
    Mais do que contradição, o discurso de Fernando Nobre parece relevar do vazio ideológico. Tal qual como o MIM em Mértola ou o PRD, a nível nacional: nasceram para dividir e por isso mesmo de vida efémera.

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  11. II - "De que a Europa necessita"? Mas ele não se candidata para a Europa! Já lá está Durão Barroso, de quem , aliás, foi apoiante...
    Mas não querendo fugir ao desafio que me colocou relativamente à eleição presidencial de 2006 e à candidatura de Alegre, que nasceu do MIC, vamos lá a isso.
    Antes de mais nada, a declaração de interesses: a)apoiei activamente a candidatura de Alegre em 2006; b) Nunca pertenci ao MIC; c) nunca fui nem sou filiado em qualquer partido político.
    Dito isto: o MIC foi e é uma estrutura oriunda da cidadania, devidamente organizada e com órgãos próprios. Constituída à margem dos directórios partidários, o MIC não é contra os partidos políticos mas entende que a democracia não se esgota nos partidos; ninguém é dono da democracia. Não há democracia sem partidos políticos embora aquela vá para além destes. Mas a ideologia do seu principal protagonista tem um nome: o socialismo democrático. Alegre não é “neutro”, não é asséptico nem bacteriologicamente puro. E esta "contaminação" marca a diferença com a candidatura de Nobre que se diz emanar da sociedade civil. Porém, sem qualquer componente ideológica que se lhe conheça. Como as eleições o vieram a demonstrar, os socialistas preferiram Alegre embora este não fosse o candidato desejado pela direcção do PS, sendo certo que Alegre jamais se distanciara do seu ideário. E como referi em post anterior, manteve-se sempre igual a si próprio, nunca renegando a matriz ideológica nem o seu partido (um dos seus pecados).
    Na candidatura de Nobre estarão alguns dos maiores adversários do PS. Mas quando vejo um Rui Moreira, uma Catalina Pestana, fervorosa apoiante de Otelo Saraiva de Carvalho quando este se candidatou e que só espalhou o bem pelo PS no decurso do processo Casa Pia, o Partido Socialista pode ficar tranquilo. Com amigos destes, o PS não precisa de inimigos.
    Penso sinceramente que se devem respeitar as crenças alheias. Mas só com uma dose de muita ingenuidade se admitirá que Nobre está na refrega para vencer! Está para dividir a esquerda e contribuir, por este modo, para a reeleição de Cavaco. Por isso lhe disse que Cavaco agradeceria. Aliás, segundo a última sondagem, Cavaco ganha à primeira volta, Alegre ficará com 25% e Fernando Nobre com 8%! Será esta uma "forte candidatura mobilizadora do eleitorado"? O tempo o dirá...

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