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sexta-feira, 17 de julho de 2009

MERTOLA. Um dia ainda hei-de ser "turista" na minha



A Ribeira de Oeiras, uma desconhecida de duvidosa ilustração, junta-se ali com o orgulhoso e
histórico Rio Guadiana.

A Ribeira há-de ter uma longa história, não se duvide...atentemos em Raul Brandão que, dela, fala com um desvelo único. - Longa, mas ignota...

Já o Guadiana possui pergaminhos onde se inscrevem memórias de muitas civilizações. Isto, não obstante, se ignorar onde nasce. Ter, portanto, uma origem duvidosa. Tanto assim que só se lhe dá nome quando brota no Olho de Mari-López, ali para os lados de Cidade Real.

Ao deixar Badajoz, no entanto, este Rio Ana, tem créditos firmados. Tantos que até pode dar-se ao luxo de inocentes brincadeiras, ao saltar, continuamente, o Pulo-do-Lobo. Só que, agora, agoraque chega ao encontro da Ribeira de Oeiras, o Guadiana se transforma.

A partir daqui temos um rio navegável, percorrido desde os séculos dos séculos, por embarcações que ligavam Mértola ao Golfo do Algarve, ao Mar Mediterrâneo.

Mas é de Mértola e não do Guadiana que nos propusemos falar um pouco...Da Mértola antiquíssima, cidade fortificada, situada na Rota dos Metais.

A Mértola Romana, em que são bem patentes os vestígios recuperados, com felicidade, e situados nos baixos da Câmara Municipal. A Mértola tardo-romana e cristã, com a basílica, o templo agora transformado num magnífico Museu da chamada época visigótica.

Ainda Mértola, a Mértola muçulmana, durante algum tempo capital de um reino independente - um reino taifa . E a memória moira, felizmente, permanece na Vila Velha, ainda erguida de pedra e cal.

A velha Igreja Matriz, com a sua planta quadrangular, é um templo cristianizado.

É, assim, que logo nos primeiros anos do século XVI, a um senhor andarilho, que poderiamos classificar como "fiscal de obras" militares do Rei D. Manuel, não lhe havia de escapar a origem muçulmana do edifício.

Este senhor, Duarte d'Armas , ao desenhar a vista de Mértola, não se esqueceu de anotar, no debuxo que fez, uma legenda ao lado da Igreja Matriz: "Igreja foi Mesquita", escreveu, para que o soubesse sua real majestade, que morava em Lisboa.

E o "turista", curioso, ao chegar a Mértola, não tem mais que confirmar as palavras de Mestre Duarte d'Armas. Há-de espantar-se o visitante com a área quadrangular do templo. Há-de espreitar o "quintalinho" através daquela porta emoldurada com um arco em ferradura. Há-de espiolhar o nicho do mirhabe, que foi redescoberto, a indicar aos fiéis a direcção de Meca, a cidade santa muçulmana.

Por fim, tal como Duarte d'Armas, há-de o viajante curioso sentenciar: "Esta Igreja de Mértola foi Mesquita".

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