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segunda-feira, 1 de junho de 2009

O ódio político (também) cega!

O projecto de Cláudio Torres para Mértola sempre foi assumido pelo próprio como “agitprop” (sic) mais do que uma intervenção de carácter exclusivamente científico. No entanto, nunca se assumiu plenamente como projecto político de modo a poder ser sufragado pelo povo de Mértola em eleições livres e democráticas.

Paralelamente à componente científica e patrimonial de valor e reconhecimento incontestáveis sob a responsabilidade do Campo Arqueológico de Mértola, foi sendo concretizada a vertente política, ideológica e partidária através da instrumentalização, para esse efeito, da gestão municipal atribuída em eleições sucessivas durante mais de 20 anos ao PCP/CDU.

Em 2001 a população de Mértola, em eleições livres, ao recusar a continuidade do projecto do PCP/CDU, apoiado pública e empenhadamente por Cláudio Torres, manifestou-se claramente contra a componente da sua proposta política e ideológica, sem contudo deixar de reconhecer e apoiar a vertente científica e patrimonial da mesma, a qual foi assumida em todos os programas eleitorais das forças concorrentes, nomeadamente da vencedora, isto é, o PS que eu representei enquanto cabeça de lista primeiro e presidente da Câmara depois.

E é aqui que está o cerne do problema! Cláudio Torres não querendo ir abertamente a jogo com o seu projecto político pessoal (Independente? PCP? Bloco de Esquerda? Guterrista/Sampaísta?) e perdendo o seu “braço armado” que era o executivo camarário PCP, ficou sem instrumentos para concretizar a sua proposta político-ideológica, para além do que lhe é proporcionado pelo Campo Arqueológico de Mértola. Foi este, recentemente, o caso quando utilizou abusivamente o Campo Arqueológico para promover o candidato do Bloco de Esquerda às eleições europeias, o que lhe mereceu uma crítica mordaz e uma demarcação clarificadora do seu colaborador mais directo.

Por tudo isto, facilmente se perceberá a visível e manifesta perturbação de Cláudio Torres relativamente à minha pessoa, ao trabalho significativo que a equipa que tive o prazer de coordenar realizou ao longo dos últimos 7 anos (reconhecido, nas urnas, pela população de Mértola) e ao meu percurso político.

O que já não se compreende e muito menos se aceita é que uma pessoa com o estatuto de figura pública como Cláudio Torres recorra, cego pelo ódio político, à mentira e calúnia pessoal para denegrir e atacar sem fundamento, não as ideias do seu adversário mas a própria pessoa e o trabalho por ela realizado de forma empenhada e reconhecida.

Na Faculdade de Letras, onde foi meu professor, Cláudio Torres ensinou-me, entre outras coisas, que os ídolos têm pés de barro. Cláudio Torres foi durante muitos anos o meu ídolo…

6 comentários:

  1. Caro Jorge

    Não vou comentar a questão central de nenhum dos textos: nem do "Público", nem do teu.

    Também não vou voltar ao tema da minha demarcação no que respeita ao que se passou no dia 23. Está mais que dito e mais que esclarecido.

    Intervenho apenas para clarificar, uma vez mais, que não me revejo no papel do "colaborador mais directo" do Cláudio. E se o faço não é para me demarcar do que quer que seja - tenho sempre o maior prazer em reconhecer a importância de todos estes de trabalho e de aprendizagem com o Cláudio - mas tão só para frisar que o CAM tem sido um trabalho de construção colectiva e que o meu papel nem é mais ou menos significativo que o de outros colegas. Digo-o com toda a sinceridade e com a plena convicção de, ao longo dos anos, ter construído um percurso solidário, mas também (questões de temperamento, admito-o) algo solitário.

    Para concluir: nunca tive ídolos e sempre rejeitei os cultos de personalidade.

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  2. Também li a edição do Público do último domingo e só não fiquei perplexo porque já não é a primeira vez - e não será certamente a última - que o Dr. Cláudio Torres se serve desta tribuna, uma vez mais curiosamente pela pena do jornalista Carlos Dias, para desferir ataques políticos, a propósito de tudo e de nada, à autaquia de Mértola e ao seu ex- recente Presidente.

    Em si mesmas, as declarações que prestou àquele diário (com fotografia e tudo)são evidentemeente censuráveis para um arqueólogo que é suposto estar empenhado num projecto de investigação, nada mais sendo preciso acrescentar depois de Pulido Valente ter vindo varrer a testada, em defesa da sua honra e para reposição da verdade, postando neste blog o seu editorial.

    De facto, parece que Torres é portador de um "projecto político" não se sabem com que inspiração, pois ora flutua junto ao barco da CDU/PCP, ora navega à vista da onda bloquista de esquerda caviar...

    Foi mandatário nacional do candidato Fernando Rosas à Presidência da República, depois de ter apoiado activamente a CDU/PCP.

    Foi mandatário nacional do candidato Fernando Rosas à Presidência da República, depois de ter apoiado activamente a CDU/PCP.

    Sinto muito em dizê-lo, mas não questionando o saber de Torres enquanto arqueólogo - julgo poder concluir que o seu "projecto político" enforma de uma componente altamente egocêntrica.

    Porquê? Porque jamais se submeteu a sufrágio popular em qualquer das eleições que a democracia nos trouxe: locais, legislativas e presidenciais. Mandatário aqui, apoiante acolá mas, escrutínio secreto...népias!

    Repare-se por outro lado que também se sabe movimentar em certos círculos da direita pretensamente intelectual, aquela que tendo o coração à esquerda, não deixa de aconchegar a carteira bem à direita. Movimenta-se como pucos na comunicação social.

    Gosta de palco e adorem que falem de si.

    Adora prémios e honrarias. E, já próximo da reforma, aceitou ser director do Instituto de Conservação da Natureza (estava Guterrez no poder).

    Temho para mim que Cláudio tem um ego do tamanho do mundo. Uma entrevista na rádio, o seu aprecimento na televisão, um artigo de jornal onde se fale predominantemente sobre si, eis tudo de que mais aprecia.

    Concluo, assim, que o seu "projecto político" mais não é do que um instrumento da sua necessidade de afirmação.

    Cláudio Torres é o bom, o cientista, o revelador da verdade.

    Os outros, os que tornaram possível realizar-se no CAM, apoiando o
    projecto de investigação, nos termos que são conhecidos, esses de nada valem!

    Apetecia-me invocar aqui o saudoso O'Neill: o que é preciso é "tratar da vidinha"

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  3. Na verdade, caro António Transtagano, Cláudio Torres encabeçou a lista do BE nas legislativas de 2005. Porém, não lhe conheci um projecto político, um conjunto de ideias, uma ideia-chave que fosse. Apenas encontrei uma citação (atribuída num Blog a C. Torres) que talvez explique a inexistência de substância: "ainda é difícil ter propostas para o mundo rural porque ele está a desaparecer e esta velha camada de combatentes da liberdade no Alentejo está a envelhecer." Ou seja, a vocação proeminentemente urbana do BE impossibilita-o de ter um programa coerente entre a urbe e a "província", pelo que o melhor mesmo é não apresentar programa nenhum em territórios envelhecidos! E aqui socorro-me de Cesário Verde, com a dicotomia Campo-Cidade. Também Cesário teve dificuldades nesta relação difícil, mas porque apreciava as duas partes. Para o BE a questão é outra... o campo não lhe dá votos, então não vale a pena investir num programa que o contemple.
    Quanto ao ego, ele não é um mal em si mesmo! A confiança que cada um tem em si pode até funcionar como vector crucial na definição de um rumo. O carisma, a capacidade de se relacionar com a população, uma boa imagem e a capacidade de a difundir são factores essenciais em política. Mas tudo isto tem que ser consubstanciado por um programa político sustentado e exequível. No meu entendimento, o problema reside por vezes na incapacidade de lidarem com as suas limitações (todos nós as temos). E recordo-me agora de diversos regimes que foram sufragados pelo voto, mas em que a falta de carisma e a imensidão do ego do pretenso líder levou à degeneração das instituições.
    E arrisco mesmo a afirmar que C. Torres é mais conhecido pelos seus méritos na comunidade científica do que propriamente pelas gentes de Mértola. Pena é que a competência científica não seja uma medida que a tudo se aplique.

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  4. Ao Jorge Pulido
    Tive o cuidado de ler atentamente a entrevista dada ao Público pelo Cláudio Torres a propósito de nada de relevante a não ser o propósito de difamar os Presidentes de Câmara, eleitos democráticamente pelo PS.
    Também eu como responsável pela Autarquia me senti atingido e injustiçado, face às declarações do Cláudio.
    O Cláudio ao contrário do que diz do Jorge Pulido e implicitamente do Jorge Rosa, nunca lidou bem com este poder democrático que sempre o tratou bem, tanto como dirigente do CAM como politico.
    Ao contrário o Cláudio tudo tem feito para denegrir o papel da Autarquia e dos seus Presidentes. Assim foi na homenagem a Borges Coelho e agora à apresentação do livro do Santiago, que propositadamente ignorou os Presidentes de Câmara presentes nas cerimónias.
    Foi o Pulido que nomeou o Cláudio como Director dos museus, prova
    que nada tinha contra ele. Foi o Pulido que protocolou com o CAM, meios humanos da Autarquia a tempo inteiro a trabalhar para o CAM.Outras parcerias e apoios pontuais a publicações sempre foram concedidas.
    Recentemente foi concluida e inaugurada a "Alcáçova" com o apoio da autarquia, bem como o arranjo envolvente de todo aquele espaço.
    Como muito bem diz o Santiago, o CAM é o produto de muitos saberes e do trabalho de muita gente, onde o Municipio no passado e no presente foi peça fundamental.
    O Cláudio não pode a seu belo prazer utilizar a Instituição Campo Arqueológico como arma de arremesso politico, como se fosse uma arma só sua.O Cláudio não devia nem podia utilizar o CAM como instrumento politico ao serviço do Bloco esquerda. Tal como não pode na sua qualidade de responsável do CAM fazer agora outro serviço ao PCP.
    Ser um bom investigador, não é sinónimo de ser um bom gestor e aqui reside talvez o maior problema do CAM.
    O Cláudio tem toda a legitimidade , tal como tem feito sempre, na sua condição de cidadão criticar quem quizer. Assim o fez em todo o lado quando o Pulido foi para Beja.
    Esperava outra postura do Cláudio. A vila de Mértola está grato pelo seu trabalho, mas o Claudio devia também estar muito grato por esta vila que tão bem o acolheu e o projectou.
    Espero que o Claudio reflita sobre o que um dia " ALEXANDER POPE" escreveu:
    "Um homem nunca deve sentir vergonha de admitir que errou,o que significa que hoje ele é mais inteligente do que era ontem".

    Ao Jorge um abraço de solidariedade e votos de um bom trabalho ao serviço de toda uma região.

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  5. Mas qual era o projecto político-ideológico de Claudio enquanto a CDU foi poder e ainda não existia o Bloco?

    Parece que o dito colaborador mais directo não se revê no papel que lhe querem atribuir !

    Claudio e JPV é que parece que têm um contencioso. Será ?

    Claudio e Mértola complementam-se. Parece que ninguém contesta o trabalho e a entrega de Claudio ao reconhecimento internacional de Mértola como "Vila Museu". O próprio Claudio é reconhecido internacionalmente. Todos o sabemos.

    Por sua vez, quem conhece JPV fora do seu núcleo de amigos? JPV passou por Mértola como podia não ter passado...sinceramente, prefiro-o longe...

    Alias, foi o próprio JPV que partiu quando julgou, ou julgaram por ele, chegado o momento.

    Porque Mértola está primeiro e porque Cláudio, p'la obra feita, é justamente merecedor do nosso apreço, do apreço dos mertolenses, qual é, afinal, o problema ?

    Um já se foi, e ainda bem ! O outro continua, e ainda bem !
    Caso encerrado...e Mértola, naturalmente, ganhou. Isso é o que mais conta. Isso é que conta.

    Ódio político ? Cegueira ? Não vamos por aí...

    Claudio será, sempre, alguém a quem MERTOLA muito deve e jamais esquecerá.
    JPV...já era...

    Este nosso comentário não é, felizmente, do agrado de uns tantos...mas é o nosso comentário.

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  6. @Pereira da Costa
    Achei piada ao ar majestoso que coloca no final do seu comentário quando fala na terceira pessoa "nosso comentário". Como não é rei presuponho que o comentário seja colectivo, fico curioso em saber!!
    Quanto ao comentário em si mesmo, não beatifique um, nem crucifique outro, cada um vale o que vale e só o futuro poderá avaliar a importancia da acção de cada um. A história dá-nos muitos exemplos de gente crucificada cuja acção é reconhecida mais tarde.
    Tal como diz em relação ao Cláudio e ao Jorge referindo que eles devem ter um contencioso, também me parece que "vocês" têm um contecioso com o Jorge. Será??

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