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terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Entrevista SIC: Sócrates pede maioria absoluta

Clique na imagem para ver a entrevista

O primeiro-ministro reconheceu que parte para a campanha eleitoral com o objectivo de renovar a maioria absoluta. "É o que é preciso para se fazer o que o país necessita" disse José Sócrates numa entrevista, a primeira do ano, em que desvalorizou as divergências com o Presidente da República (a propósito do Estatuto dos Açores) e defendeu a sua receita para enfrentar a crise, com particular ênfase no investimento público.

A "estabilidade política e as condições de governabilidade" são "essenciais" e "é esse o objectivo que perseguimos" admitiu o primeiro-ministro e secretário-geral do PS, afirmando, preto no branco: "Estou a pedir a maioria absoluta". José Sócrates falava aos jornalistas José Gomes Ferreira (SIC) e Ricardo Costa (Expresso) ao cabo de quase uma hora de tensa entrevista centrada, sobretudo, nas respostas do Governo à crise económica mundial.

O chefe do Governo anunciou que, durante a apresentação do Programa de Estabilidade e Crescimento, durante a próxima semana, o Executivo irá rever as previsões de desemprego e crescimento económico. Recusou-se, ainda assim, a alinhar desde já pelas previsões do Banco de Portugal segundo as quais estamos à beira da recessão, admitindo, ainda assim, que "tudo aponta" para que esse cenário se confirme.

Na conversa que durou cerca de uma hora, Sócrates defendeu a estratégia do Governo para enfrentar a crise, sublinhando a dimensão "moral" do investimento público: "é absolutamente indispensável ao emprego", afirmou. "Se antes fazia sentido, agora faz ainda mais sentido: a economia precisa cada vez mais de investimento público. Seria moralmente muito negativo não o fazer". O essencial da entrevista girou, com efeito, à volta da economia e das respostas do Executivo para fazer face à crise, com o primeiro-ministro a resumir a quatro as principais orientações da sua política:estabilizar o sistema financeiro; apoiar as empresas; reforçar o investimento público e apoiar as famílias. Para trás ficava o tema dos primeiros dez minutos da entrevista: o conflito institucional com o Presidente da República a propósito do Estatuto Político-Administrativo dos Açores.Uma questão desvalorizada pelo primeiro-ministro, que a 'reduziu' a uma diferença de interpretação da Constituição - que, no seu entender, poderia ter sido facilmente resolvida com a intervenção do Tribunal Constitucional. Sócrates recordou, aliás, anteriores divergências com Cavaco Silva (a propósito do aborto, da paridade ou do divórcio) para garantir aos portugueses que tanto ele como o Presidente têm bem "consciência da importância de um bom entendimento institucional". A avaliação dos professores, tema obrigatório, acabou por ser abordada já na recta final da conversa, como primeiro-ministro a aproveitar a deixa para colocar o acento tónico no facto de, pela primeira vez em 30 anos, os professores irem ser avaliados. Manuel Alegre e a possibilidade de surgimento de um novo partido à esquerda foi questão deixada para o fim, com Sócrates a refugiar-se no seu papel como secretário-geral do PS - a que é de novo candidato no Congresso de final de Fevereiro - para garantir que tudo fará para "promover a unidade do partido nessa diversidade que enriquece o PS". O 'tudo' inclui, segundo disse, convidar Manuel Alegre de novo para integrar as listas de candidatos socialistas, "se ele quiser". Mesmo a terminar, e em resposta a um cenário colocado pelos jornalistas, Sócrates manifestou-se disponível para que as legislativas possam ocorrer no mesmo dia do que as europeias (em Junho): "Já aconteceu", lembrou. Irredutível só mesmo na possibilidade de fazer coincidir legislativas com autárquicas: "São dinâmicas distintas. Acho um erro".

In Expresso
Cristina Figueiredo
22:32 Segunda-feira, 5 de Jan de 2009

9 comentários:

  1. para quem ha uns meses atras dizia que Portugal não iria entrar em crise...agora so esta em recessão!

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  2. Não quero defender Sócrates.

    Reconheço-lhe arrogância e alguns tiques de autoritarismo.

    Porém, pergunto: qual a alternativa a Sócrates?

    Respondo: Sócrates, com ou sem maioria absoluta.

    Arriscaria mesmo: O próximo Primeiro Ministro será José Sócrates e o próximo PR será Manuel Alegre.

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  3. reslamente tb sou obrigada a concordar....
    é uma vergonha mas infelizmente não vejo niguem, ate a data, na oposição, para melhorar a governação em portugal...
    Atenção tb na estou a deixer k neste momente ela se esteja a fazer da melhor forma possivel..considero que em alguns pontou deveria ser bem melhor...
    Bom ano
    Rox

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  4. Deve sobretudo ser premiado por dois motivos:
    - A convincente explicação que deu sobre a obtenção do seu grau académico (cof! cof!)
    - A forma como tem desmantelado a Administração Pública em Portugal. Nem a direita tal sonharia...

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  5. O Sr. Sócrates instigou uma nova forma de fazer política...atacar as classes profissionais mais susceptíveis junto da opinião pública, para ganhar votos.
    Um verdadeiro messias do marketing!
    Este "nosso" PS, de socialista só tem o nome...pouco mais lhe resta!

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  6. E mesmo assim ainda há quem ache que é o "Messias"...que não há outro..é por ideias destas que temos o país que temos...é triste, mas é a realidade.O que mais será preciso para as pessoas abrirem os olhos e as mentes??

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  7. a Santiago Macias

    Não se trata de premiá-lo ou não (Sócrates).

    As questões sobre a obtenção do grau académico não foi a mais convicente, reconheça-se.

    Mas, como político que Santiago é, saberá que isso pouco irá pesar ou quase nada na hora da votação.

    E quanto ao alegado desmantelamento da Administração Pública, muita coisa haveria a dizer.

    Eu não posso dizer que as "mexidas"no sector público do Estado terão sido as melhores. Longe disso.

    Em todo o caso, o funcionalismo público tem tido um tratamento mais favorável que o dos restantes empregos. Começa agora a estar em crise a ideia de um emprego para toda a vida na Função Pública.

    O monstro é grande e torna-se extremamente difíil alimentá-lo.

    Veja o causa das autarquias: o meu amigo Santiago julgo ser assessor principal na Câmara de Mértola; entretanto, é verador na Câmara de Moura e também é professor na Universidade do Algarve. Terá a breve prazo uma reforma garantida e sem necessidade de trabalhar os tais 36 anos de carreira contributiva! Refiro-me obviamente às funções autárquicas (as tais da chamada subvenção vitalícia).

    Na autarquia de Lisboa,onde há 348 juristas do quadro, no último ano o Município gastou dezenas de milhar de euros em honorários de advogados. Acho isto escandaloso!

    Concedo de bom grado que as mexidas de Sócrates na AP não terão sido as melhores. Mas que são precisas reformas lá isso são.

    Mas quem se atreverá a fazê-las?

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  8. Esclarecimento ao "amigo/a":

    Não vale a pena o ataque pessoal, para mais anónimo.

    Já não sou assessor principal, porque essa designação foi extinta. Sou técnico superior da Câmara de Mértola desde 1992. E devo dizer-lhe que tive e tenho orgulho nesse facto. Neste momento não exerço aí funções poque fui eleito para a Câmara de Moura em 2005.

    Sou professor auxiliar convidado a zero por cento do Dep. de Arquitectura da Universidade de Évora. A "zero por cento" porque o facto de ser vereador a tempo inteiro me impede de ter outros rendimentos. Lecciono uma disciplina sem ganhar dinheiro? É verdade, mas nem tudo na vida se resume ao metal sonante e esta participação na vida académica é sempre interessante.

    Reforma antecipada e garantida? SUBVENÇÃO VITALÍCIA? Já não existe, pelo menos para quem se candidatou em 2005. Quer que lhe manifeste o meu acordo por uma medida deste governo? Esta, justamente. Nunca estive de acordo nem com "subvenções vitalícias" nem com "subsídios de reintegração", nem com reformas na força da juventude. A participação na vida pública através deste tipo de funções não deve ser associada a ideias de favorecimento ou de situação de privilégio.

    A minha reforma aos 36 anos de serviço (em 2022, se lá chegar)? Nem por isso. Só me poderei reformar em 2028 (se lá chegar). O problema não é esse, mas sim, repito, a forma como a gente que passa por funções governativas trata a Função Pública.

    Nota final: os benditos legisladores, com o bendito João Figueiredo à cabeça, acham que descobriram a pólvora com os "mapas de pessoal" e os contratos individuais na Função Pública. Ui, se descobriram! Quem viver verá.

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  9. Votei no Sócrates mas, pela última vez! Nunca pensei ver tanta teimosia e arrogância em tão pouco tempo.

    Não acredito que este Sr. venha ter maioria absoluta pelo menos nos próximos cem anos.

    Infelizmente este governo retirou direitos demasiados a quem sempre contribuiu para o desenvolvimento da Nação, para dar de mão beijada a quem nunca nada fez por este País.

    Vivemos no país virado para o apoio social! Conheço famílias a trabalhar dia após dia, e a ganhar o ordenado mínimo nacional, no entanto conheço outras que nunca trabalharam, não trabalham, nem nunca ande trabalhar, e o Estado está a pagar a essas famílias, mil euros! É a isto que o nosso Governo chama de justiça social???

    Pediu-nos o Sr. Sócrates sacrifícios e mais sacrifícios, gostava que alguém me respondesse
    Onde estão os resultados destes sacrifícios? A economia cada vez mais baixa, o desemprego cada vez maior, guerra constante a quem trabalha, a desculpa agora é a crise internacional…

    Peço desculpa mas na minha opinião isto não é governar, é antes contribuir para mais miséria e pobreza no nosso País.

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