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sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Pela República, por Portugal

No passado dia 15 , o histórico socialista Manuel Alegre, no decurso de um jantar em Portimão, manifestou a sua disponibilidade para se candidatar à Presidência da República.
Aquilo que alguns, ao pé da letra, consideram tratar-se apenas de uma "disponibilidade" para ser candidato, foi realmente - deixemo-nos de eufemismos - o anúncio (in)formal da sua candidatura à Presidência.

Rodeado de apoiantes, socialistas e independentes, Alegre proferiu um discurso verdadeiramente notável que pode ser visto aqui, no qual enunciou as linhas base da sua candidatura.

Vozes isoladas do Partido Socialista vieram a terreiro "acusar" a candidatura de divisionista. Outros, animados de indisfarçavel incomodidade, logo se apressaram a catalogar Manuel Alegre como o candidato do Bloco de Esquerda.

Manuel Alegre, Homem de cultura e de convicções, não pediu licença a ninguém -nem teria que o fazer - para se candidatar à Presidência da República. Tratando-se de um órgão de soberania unipessoal, não fazia qualquer sentido que fosse apresentado como candidato de quem quer que fosse, do partido A ou do Partido B. Os cidadãos que aspiram à mais alta magistratura do Estado apresentam-se por si próprios. Os apoios partidários e os independentes, esses virão depois.

Em contraponto, proeminentes figuras do Partido Socialista já declararam o seu apoio a Manuel Alegre: Vera Jardim, Ana Gomes e António Arnaut, entre outros. Este último, muito próximo de Mário Soares, congratulou-se com a candidatura de Alegre e com a dimensão cultural que este imprimirá à Presidência.

Do lado do PSD, que vive porventura a maior crise da sua história, a candidatura de Alegre não só é incómoda como susceptível de agravar a crise de liderança do partido. Morais Sarmento, por exemplo, em entrevista a uma estação de rádio, enfatizou o facto da "candidatura de Manuel Alegre estar a ser subestimada", designadamente por parte do "prof. Cavaco Silva".

Ao contrário do que muitos poderão pensar, são sinais positivos e francamente animadores para o sucesso da candidatura.

E quanto ao Partido Socialista? Francisco de Assis já saudou a declaração de Alegre e acrescentou que no momento oportuno os órgãos próprios do partido se pronunciarão. Pessoalmente, tenho como certo que o PS vai apoiar "militantemente" a candidatura de Manuel Alegre. Quanto a Mário Soares, preferiu responder, quando interpelado pelos media, que não se pronunciaria agora sobre a candidatura de Alegre - colocando antes a tónica na situação difícil que o País atravessa.
Mas tenho para mim - também como certo - que irá apoiar de forma inequívoca a candidatura do seu companheiro de muitas lutas . Num artigo de opinião? Em carta aberta dirigida ao próprio Manuel Alegre? Em declaração formal aos órgão de comunicação social? De uma forma ou de outra, é mais do que expectável o apoio de Soares. E quando isso ocorrer, será caso de dizer que as vozes dissonantes que se manifestaram de dentro do PS são mais papistas que o Papa, ou seja, mais "soaristas" que Soares...

Do PCP não valerá a pena dizer muito: provavelmente um candidato próprio para desistir à boca das urnas, apelando ao voto dos comunistas em Manuel Alegre, engolindo mais um sapo, como já vem sendo hábito, para não dizer um elefante.

Alegre quer "uma República moderna, escola pública, serviço nacional de saúde, direitos políticos individuais articulados com os direitos sociais, culturais e ambientais". Manuel Alegre não é neutro e enfatizou: "Dante dizia que os lugares mais quentes do Inferno estavam reservados para aqueles que em momentos críticos se mantiveram neutros". E está pronto para o combate que chama por nós: "com todos vós e com todos os portugueses que estão connosco, com todos os que a seu tempo virão a estar, para mudar e para vencer, pela República e por Portugal".

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