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terça-feira, 12 de maio de 2009

Câmara promove ciclo de debates temáticos “Agir para”

A Câmara Municipal de Mértola vai promover um ciclo de debates temáticos intitulados “Agir para”, com o objectivo de debater vários sectores da vida económica, social e cultural do concelho. O primeiro dos quais será dedicado ao comércio local.

O primeiro “Agir para” sobre o comércio local terá lugar no dia 16 de Maio, às 15h00, no salão nobre da Junta de Freguesia de Mértola e conta com a presença de representantes da Associação Comercial do Distrito de Beja, da Direcção Regional de Economia do Alentejo e da Direcção-Geral das Actividades Económicas.

Outras temas como o turismo, a educação e a juventude serão debatidos nos próximos encontros.

in Site da CMMértola

12 comentários:

  1. Uma das coisas a que é preciso resistir (e que parece que ainda ninguém neste país entendeu) é a instalação de grandes superfícies.
    Entenda-se grandes superfícies comparativamente à dimensão do local onde se instalam (no caso de Mértola - Pingo Doce, Lidl ou Mosqueteiros).
    Em termos económicos para o pequeno comércio acaba com o rendimento do comércio local.
    Muito embora possamos pensar, que do ponto de vista do orçamento das famílias, é uma mais valia, a médio longo prazo paga-se e bem caro:
    1) cria desemprego ou precariedade, uma vez que os empregos criados ficam dependentes de uma entidade externa ao concelho
    2) Sendo essa entidade externa, os impostos são pagos no município onde a empresa terá sede
    3) os bens de consumo são sobretudo orientados para os preços baixos, não promovendo de forma alguma os produtos tradicionais e as empresas locais
    4) A qualidade dos produtos consumidos será inferior
    5) Inevitavelmente fecharão algumas lojas de comércio local, uma vez que grande parte das compras será feita nessas superfícies
    6) O fecho das lojas implica uma maior desertificação das ruas e das convivências sociais, trazendo prejuízos não só de identidade da vila como de interligação entre a população e de segurança.
    Se pensarmos um pouco, as lojas chinesas já de si prejudicam o comércio tradicional, uma vez que os artigos que vendem, apesar de virem de barco da china e pagarem taxas alfandegárias, ainda custam mais baratos dos que os produzidos não só em Mértola como em Portugal.
    Isto deve-se sobretudo a factores de custo de produção, ou seja para além de não haver pagamentos de impostos sociais, a mão de obra que produz estes artigos é mais do que barata na maior parte das vezes.
    Resistam por favor, porque as pequenas mais valias que estas empresas possam trazer no imediato pagam-se caras ao longo dos anos.

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  2. Concordo a 100% com o que a Maria disse. Mértola não tem falta de superfícies comerciais de maiores dimensões do que as que existem, aliás, existem um ou dois super-mercados em Mértola com preços bastante competitivos com os das grandes superfícies. E quanto a mim as lojas Chinesas, sem ter nada contra os donos, já são de mais!
    Creio que muitos dos habitantes do concelho se não fazem as suas compras em Mértola, sejam elas de que categoria forem, é porque não se sentem convidados a entrar no comércio local. É preciso inovar, dinamizar, fazer promoções, estar à porta das lojas e convidar as pessoas a entrar com um sorriso, tudo isto com o fim de atrair as pessoas que passam pela porta das lojas. E isto cabe principalmente aos comerciantes... É que a sportzone, a modalfa, o modelo, a worten, são já ali em beja e MUITO mais baratos.

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  3. Não é fácil resistir à instalação desse tipo de superfícies. Nem as autarquias as podem "impedir"... Economia de mercado é isso mesmo.

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  4. Em relação à facilidade de resistir concordo plenamente, no entanto é um exercício de raciocínio e ponderação a longo prazo. Quanto ao "impedimento", existem formas de lhes resistir, nomeadamente utilizando os instrumentos de gestão territorial.
    Os licenciamentos, que também dependem dos municípios, servem exactamente para se poderem criar estratégias de desenvolvimento económico e social.
    Se não existirem terrenos de dimensão afectos a este uso, não há grandes superfícies. Tem que se usar o PDM e o PU, não como uma forma de serem instrumentos de "proibição" mas de estratégia Territorial(a longo prazo.

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  5. Ena, grande afirmação! Nem os mais pintados paladinos do "socialismo científico" e dos "planos quinquenais" se atreveriam a ir tão longe. É certo que os instrumentos de ordenamento servem para regular. Já agora, seria interessante saber, no concreto, como é que "Tem que se usar o PDM e o PU, não como uma forma de serem instrumentos de "proibição" mas de estratégia Territorial(a longo prazo.". O princípio está correcto, mas faz favor de dizer como se aplica no caso das grandes e médias superfícies comerciais. E já agora, pergunte-se aos consumidores se preferem pagar mais ou menos.

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  6. Foi pena que alguns não podessem ter ido a este fórum de discussão.Entre outra abordagens sobre o papel dos pequenos comerciantes e a sua importância nas economias locais, também foi abordada a questão das pequenas ou médias superficies, do seu interesse e dos seus inconvenientes.Não é fácil face às regras comunitárias impedir a instalação das mesmas. Mas por outro lado as Autarquias, os seus eleitos têm visão diferentes e nada tem a ver com opções politicas ou partidárias. Mas através dos seus instrumentos de gestão podem facilitar ou dificultar a instalação destes espaços.
    Vamos à discussão e ouvir consumidores e comerciantes?
    Mas o comércio local tem de agir.A Autarquia está a afzer a sua parte e foi com satisfação que se conseguiu que A Associação Comercial de Beja abra uma delegação em Mértola, para incentivar os seus associados que vêm oportunidades de negócio no futuro.

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  7. Os comentários anteriores contêm muito do que penso sobre este tema, confesso que tenho dúvidas, se por um lado concordo com a Maria Gustava dos Prazeres e Morias sobre os efeitos no longo prazo, também não posso deixar de concordar com o Santiago Macias que refere a economia de mercado e questiona sobre qual será a vontade das populações. Sobre o que não tenho dúvidas é da importância do comércio local, especialmente por este ter vários papéis para além da sobrevivência dos próprios comerciantes, entre elas destaco o facto de animarem o interior das cidades e vilas, poderem distribuir os produtos locais. Mas também não tenho dúvidas que é necessário os comerciantes locais adoptarem uma atitude diferente, de maior dinâmica com campanhas de marketing, associarem-se com produtores locais, valorizarem mais os produtos locais, flexibilizarem os horários, maior formação, etc., estou certo que muito têm a fazer antes de começarem a lamentar a existência das grandes superfícies comerciais, espero que aproveitem.

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  8. Ora nem mais. As questões precisamente essas, António Medeiros.

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  9. @ Santiago Macias
    Os instrumentos de gestão territorial serem exactamente para definir no território quais os usos que serão dados aos terrenos.
    Uma "grande superfície comercial" implica um "grande terreno" com uso definido como comercial.
    Então vamos a um suponhamos:
    Temos 1ha de terreno destinado a uso comercial e implantação de empresas, muito embora considere "castrador" para a economia local definir qual o tipo de actividade a promover, existem diversas formas de o regular. (Ex.: 1#Para a criação de lotes com áreas superiores a 500m2 é necessário elaborar um Plano Pormenor.
    2# Juntar Lotes depende da aprovação da Câmara Municipal.)
    Não digo que o regulamento seja efectivamente assim, no entanto é uma questão de redacção do regulamento.
    A primeira leva de PDMs que surgiu no país, muito embora tenha sido importante, foi feita (na maioria dos casos) sem pés nem cabeça, por empresas privadas que não tinham sequer conhecimento do território onde a estavam a aplicar. Criaram-se regulamento que se formos ver são iguais em 7 e 8 municípios ("...tinha que ser havia prazos para cumprir..."). Hoje com um conhecimento mais profundo do que são os instrumentos de gestão do território, os autarcas, técnicos camarários e munícipes, devem, através dos mecanismos de participação de que dispõem, criar as suas (próprias do local) regras para aplicação nas suas localidades.
    Quanto a "pergunte-se aos consumidores se preferem pagar mais ou menos", o meu primeiro Post vai exactamente nesse sentido, deve-se demonstrar aos consumidores as vantagens que a eventual tomada destas medidas é compensatória e é do seu interesse.

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  10. Estou a gostar de ver, sim senhor. Uma conversa civilizada com informação e substancia. Obrigado pelas participações.
    Já agora, e não me atrevendo a comentar questões legislativas, penso que o comércio traicional deve prevalecer contra as grandes e mesmo médias superficies mas tem também que fazer um esforço para se modernizar e para se tornar concorrencial. Talvez trabalhando juntos consigam preços mais competitivos. Não é um processo fácil mas tem certamente solução. Tentar ver o que se tem feito noutros locais seja boa ideia, porquê andar a inventar o que talvez já esteja inventado.

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  11. Cada vila tem as suas caracteristicas e as suas potencialidades. Uma superficie média à dimensão de Mértola, não aparece por razões várias. Primeiro estas empresas fazem estudo de mercado.Procuram saber o número de clientes, suas idades e ocupações. Projectam os seus consumos e necessidades e procuram saber da concorrência que têm e da sua própria oferta a que distância se encontra.
    Ponderados e trabalhados todos estes factores, conclui-se;
    -Mértola tem na sua Séde cerca de 1400 habitantes e o concelho muito disperso cerca de 7500;
    -Mais de metade são pessoas idosas, com pouco consumo e poder de compra;
    -Face a dispersão do concelho os potenciais interessados têm loja abertas em Almodovar , Castro e Beja;
    -A maior parte destas localidades fica à mesma distância -Mértola-Beja-castro Verde ou Serpa.
    -Fácilmente se conclui que qualquer empresa com bons gestores decida investir, onde não tem mercado, nem sequer se vislumbra em termos de futuro alguma progressão.
    Embora esta análise possa deixar dormir descançados alguns comerciantes mas adormecidos é bom que acordem e vejam a loja do "gi" por que outro Gi pode vir e fará moça.
    Quando alguém não está atento ao evoluir da sociedade e o espaço não é ocupado, rapidamente alguem aparece a ocupá-lo.
    Veja-se um pequeno exemplo.Foi preciso vir alguem de Beja colocar uma papelaria, totoloto, carregamento de Telemoveis e outros pagamentos, venda de jornais e revistas, etc etc, para ter êxito.
    A oportunidade do negócio havia, mas ninguém da terra soube visioná-la.
    E há mais..

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  12. Nada me move contra o comércio local. Trabalham nele muitos e bons amigos. Mas não é dificil chegar à conclusão de que o comércio local não tem feito tudo para "impedir" a entrada, no nosso Concelho, de uma "grande superfície".
    Assim sendo, não vejo como vai ser possível evitar que, mais tarde ou mais cedo, nos confrontemos com essa realidade. Do que não há dúvida é que, em Castro, por exemplo, os consumidores estão muito melhor servidos do que aqui em Mértola e, quer queiramos quer não, os consumidores, se pagarem menos pelo mesmo produto, ou se lhes for dada escolher entre um maior leque de opções, naturalmente, optam por quem lhes permita poupar uns euros , adquirindo um mesmo produto, quiçá, um produto de melhor qualidade.
    O exemplo do peixe é uma evidência, comparando a qualidade, a quantidade, as condições higiénicas e o preço, entre as grandes superfícies, existentes em Castro ou em Beja, com este nosso "mercado" obsoleto, terceiro mundista...é comparar o incomparável.
    O comércio local, cada vez mais, precisa de se virar para "nichos" de mercado. Doutro modo...
    A "globalização" é, também, isso.

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