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terça-feira, 11 de outubro de 2022

Faça, fazendo



À semelhança de tantas outras áreas de intervenção direta ou indireta do Município, o Desporto, mas mais especificamente a oferta de atividade física para a população, é mais um dos muitos exemplos de marasmo, estagnação e desresponsabilização da Câmara Municipal de Mértola. Desde logo, e como base de toda esta pirâmide, a inexistência (pelo menos visível) de uma estratégia desportiva que seja tão abrangente quanto possível e que vá muito mais além do apoio financeiro a clubes e associações. Não descurando a importância que este apoio tem para a sobrevivência dos clubes e associações, que têm um papel essencial na formação desportiva e humana de toda a população, será um erro estratégico que o Município assuma uma posição de mero entreposto de fundos. Pelo contrário, devem estar bem explícitos, fundamentados e partilhados com a comunidade os princípios e objetivos que norteiam a estratégia (e, consequentemente, a política) desportiva do Município. Não estando, surge naturalmente o questionamento sobre a sua existência. Não causa estranheza, então, a inexistência de um documento tão importante e estruturante como a carta desportiva municipal. Mas causa ainda mais estranheza a ausência de iniciativas desportivas, de caráter regular, apelativas e tendencialmente gratuitas, que permitam a participação dos munícipes. Falamos de uma oferta pública, seja de responsabilidade exclusiva do município ou em parceria com os já referidos clubes e associações, que funcione não só em Mértola mas também (e pelo menos) nas sedes de freguesia, que tenha por público-alvo (mas não se restrinja) a população ativa e que funcione como alavanca para a adoção de estilos de vida mais ativos e mais saudáveis. Como complemento ou, no mínimo, como alternativa, uma campanha de informação incisiva, coordenada com clubes ou associações (públicas ou privadas), com empresas ou empresários em nome individual, que encaminhe os munícipes para este tipo de oferta desportiva. Mas também uma campanha que tenha um cariz social e que torne a atividade tendencialmente gratuita mas sem perda de rendimento para as referidas empresas ou empresários. Porque ser fisicamente ativo parte, em larga escala, da motivação encontrada para a prática desportiva. E aqui o papel do município é essencial. Tudo isto tendo por objetivo a melhoria das condições, da vida e da saúde de todos os munícipes. Porque a procura de melhor saúde não se faz apenas reivindicando melhores cuidados (e que falta fazem…), faz-se também de proatividade e de prevenção. Faz-se de modelos vicariantes, faz-se de liderança pelo exemplo. Faz-se fazendo.

Marcos Borges

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