Era uma vez um homem que, apesar de nascido no mesmo lugar dos demais, nasceu também com a sina de se tornar um símbolo. Com a qualidade de semear nos outros uma ideia de caminho. E em poucos anos, com o ímpeto de uma esperança sem desespero, decidiu entregar a sua alma à mais nobre das qualidades humanas: servir.
Servia para melhorar a vida dos outros. Formava para preparar o futuro. Escrevia para arrumar o espírito.
A sua leve marca, o seu poder informal e o seu simples ser são a prova mais legítima que a força de uma mensagem, de uma visão e da justiça, apesar de inodoras e invisíveis, são indeléveis. E que uma direção e uma estratégia só existem verdadeiramente se forem abraçadas e incorporadas pelas pessoas. Sem quotas, sem paternalismos holísticos e, principalmente, sem reservas de ordem cromática.
Um dos seus grandes segredos era acreditar. E acreditava de uma forma tão alta, profunda e desinteressada que contagiava os outros. Puxava-os para o argumento dos seus sonhos. Levava luz aos resignados. E personificava, para quase todos que o conheciam, um "nós" cromossómico, geracional e fraterno que hoje, infelizmente, está em vias extinção.
Hoje quero recuperar um homem em cima do qual nunca caiu um político. Hoje quero resgatar um homem que certamente gostaria de ser recordado pela forma como ouvia e entendia os outros. Hoje não quero lembrar Serrão Martins. Hoje quero aprender com ele.
Fotos: António Manuel Serrão Martins - primeiro autarca de Mértola eleito em democracia e nascido no dia 25 de março de 1944.
Nota de CViegas
Nas fotografias também mais gente que vale a pena lembrar.
Alguns também já nos deixaram, outros felizmente ainda cá estão.
O Serrão foi meu professor, tive a sorte de o conhecer e de receber dele muitos ensinamentos. As fotos retratam bem a forma como trabalhava e como atuava, note-se a presença do Tio Olímpio em ambas as fotografias também ele um símbolo de entrega e de amor pelo Concelho de Mértola.
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