Sustentabilidade
Celebrou-se no passado dia 25 de setembro o Dia Internacional da Sustentabilidade.
Lamentavelmente pouco ou nada se ouviu falar sobre o tema e foram muito poucas as iniciativas e acções realizadas para assinalar o maior desafio que a humanidade tem pela frente. Na verdade, nenhum motivo haveria para comemorar a data, mas muitos haveria para refletir, debater, reclamar, reinvindicar e agir.
De facto, é preocupante ver como os poderes políticos internacionais, nacionais, regionais e locais estão tão alheados da urgência de acções concretas para que a humanidade consiga cumprir, no prazo que foi definido pela ONU, as metas estipuladas para os 17 objectivos do desenvolvimento sustentável. A avaliação feita recentemente e os indicadores apresentados apontam para um enorme atraso relativamente às metas que era proposto atingirmos até 2030.
Faltam a coragem e a ousadia políticas para tomar as decisões de fundo que permitam concretizar as acções concretas que são necessárias e urgentes.
Em Portugal temos, agora, infelizmente, um ministro do ambiente e secretários de estado sem visão nem ambição, e que em vez de afirmarem os valores e as estratégias ambientais e protegerem os nossos recursos naturais, se limitam a ser facilitadores de investimentos, mesmo que eles comprometam as metas ambientais com que o governo se comprometeu nacional e internacionalmente.
Com efeito, os governantes desta área só têm sido notícia graças às polémicas intervenções de protesto e não por apresentarem políticas públicas, medidas, projectos ou acções que sejam contributos válidos e significativos para atingirmos as metas e objectivos fixados nas estratégias elaboradas e aprovadas durante o mandato do anterior ministro.
Por outro lado, a nível regional e local, quer nas CCDR quer nas câmaras municipais (com algumas honrosas excepções), muito se publicita e propagandeia (green washing), mas pouco se implementa e se faz de concreto, nomeadamente nos capítulos, urgentíssimos, do combate e adaptação às alterações climáticas e da eficiência e transição energéticas.
Para além do deficit de acção imediata para a promoção da sustentabilidade ambiental, também as outras dimensões da sustentabilidade – territorial, demográfica, social e económica – estão fora das prioridades de intervenção das agendas dos decisores políticos, sejam eles locais, regionais, nacionais ou internacionais.
E assim, vamos caminhando para que no próximo ano se atinja ainda mais cedo a data em que esgotamos a capacidade do planeta para sustentar a nossa espécie e para que no próximo dia 25 de setembro assinalemos o Dia Internacional da (In)Sustentabilidade!
Jorge Pulido Vaalente
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