Custa-me muito ouvir dizer e ter que reconhecer que apesar de todas as coisas boas, dos atractivos e das potencialidades que tem, Mértola é, actualmente, um concelho hostil e repulsivo para quem tenha pensado aqui se fixar e viver.
A começar pela habitação (inexistente)com preços proibitivos quer
para arrendamento quer para aquisição ou construção
Os transportes escassos e as acessibilidades sem as mínimas
condições, até de segurança .As comunicações deficientes ou inexistentes. A
energia intermitente e oscilante
Os serviços públicos: a saúde sem respostas e sem médico de
família, a educação sem ofertasuficiente, a justiça, a conservatória e as
finanças a caminho da extinção no curto prazo-
O comércio caro e deficitário em termos de oferta de produtos e
serviços e de horários de funcionamento.
O nível de vida cada vez mais elevado e muito acima das reais
possibilidades económicas da maioria da população de reformados.
O ambiente socio político agressivo, divisionista e castigador dos
não-alinhados A Câmara paralisada, sem capacidade de intervenção e de resposta
perante os problemas que se avolumam.
E finalmente, o clima que se agrava em cada verão que passa,
tornando a vida insuportável para quem não disponha de recursos financeiros e
técnicos para amenizar as temperaturas nas habitações.
A Câmara com um mais que confortável orçamento de 37 milhões de
euros poderia ter um papel determinante na alteração desta situação e do
cenário de agravamento que se perspectiva no curto prazo, mas o executivo da
câmara ainda não percebeu qual é que deverá ser o seu papel num concelho como
este, pelo que limita-se a gerir, sem eficácia mas com muita aparente simpatia
e boas palavras, o dia a dia, preocupado sobretudo com a popularidade e os
interesses politico partidários e da respectiva clientela, que garantam a perpetuação
no poder e pouco ou nada com o futuro do concelho e das suas gentes.
Sem liderança, visão, planeamento, organização e equipa técnica
devidamente estruturada e gerida, os serviços da câmara vão perdendo
colaboradores experientes, motivação e capacidade de intervenção e,
simultaneamente o executivo vai sendo cada vez mais impotente para dar resposta
às solicitações dos munícipes.
Os problemas agravam-se e a autarquia, como o executivo camarário
reconheceu já publicamente, embora com significativas disponibilidades
financeiras, está sem capacidade de resposta em todas as áreas e sem poder de
intervenção junto dos ministérios ou dos serviços da administração central,
apesar de ser da mesma cor política do governo
As consequências nefastas desta incapacidade e incompetência para
gerir os destinos deste concelho traduzem-se já por um lado nas baixíssimas
taxas de execução física e financeira das Grandes Opções do Plano e Orçamento
para 2022 e, por outro, no adiamento ou abandono de projectos e obras e na
consequente perda de financiamentos comunitários para as mesmas.
Jorge Pulido Valente
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