Agenda ou Revista Cultural?

Comecemos então pela designação. Para ser agenda deveria ter como principal objectivo informar sobre a programação cultural, seus objectivos e destinatários, o calendário de eventos da temporada, as iniciativas e actividades, os artistas, os locais e formas do público local e de fora aceder aos espectáculos, etc.~

Estando já decorrida metade da temporada, dando pouca informação da acima referida e pouco ou nada referindo a actividade dos agentes e produtores culturais locais residentes, temos que concluir que não é uma agenda mas sim uma revista cultural.

E a quem se dirige esta revista?

Dada a maioria dos conteúdos certamente que no que se refere à comunidade local apenas a uma minoria e pequena, pelo que, certamente, se destina aos activistas culturais nacionais que deverão ficar deveras surpreendidos com a sofisticação do meio cultural de Mértola aqui representado por nomes tão distintos e títulos tão sonantes de pessoas que aqui não vivem nem trabalham.

Assim se explica que, por se considerar que os artistas locais não têm a qualidade e o reconhecimento exigíveis, se tenha pago (quanto?) a uma excelente ilustradora estrangeira para desenhar a capa. Pena que ela não tenha percebido que o mote era dialogar e tenha colocado numa das margens os intelectuais urbanos inovadores, modernos e sofisticados e na outra os rurais, conservadores e antiquados, com o rio ao meio dificultando ou mesmo impedindo a conversa.

Já o que não se explica, hoje em dia com os programas informáticos de revisão existentes, são as numerosas gralhas que pululam desde o índice até à última página, sendo as mais graves a que atribuem o texto de Paula Mota Garcia a Miguel Rego, o quão em vez do qual no editorial, a que aparece no de Rosario Gambôa trocando os algarismos 7 e 4 (74 anos de democracia?)e os arti--gos sem identificação dos autores.

Porque seria injusto só apontar o que está mal também se deixa aqui um grande elogio ao trabalho gráfico e um reconhecimento à vereadora pela sua nova atitude face à necessidade de participação e diálogo que a comunidade tem vindo a exigir.