Tal como prometido continuamos a apresentar os nossos
colaboradores residentes. Desta vez é o Jorge Pulido Valente que nos apresenta
um artigo de opinião com o titulo "Combater o Despovoamento". Para a
semana termos um outro artigo com o titulo "Economia Circular, o que é?"
Carlos Viegas
O
despovoamento do interior de todo o país e não apenas do Alentejo resulta, da
inexistência, ao longo de todos estes anos, de políticas de desenvolvimento
regional e de um centralismo absurdo de Lisboa. Não fossem as autarquias e o
panorama seria certamente ainda muito mais negro.
Este
é antes de mais um problema de política, de ideologia, de respeito pelos
princípios da subsidariedade, da descentralização e da governação multinivel.
Do
meu ponto de vista, sem a criação das regiões administrativas e políticas,
nível intermédio de governação inexistente em Portugal (ao contrário do que
acontece na maioria dos países europeus), nunca iremos ter políticas públicas
de desenvolvimento regional devidamente ajustadas aos territórios e
potenciadoras dos recursos endógenos para o desenvolvimento, nem uma governação
integrada, que permita a coerência, convergência e coordenação das intervenções
das diversas áreas setoriais num mesmo território. Em alternativa, poderiam, em
parte, as comunidades intermunicipais desempenhar esse papel, mas infelizmente
a perspetiva localista da maioria dos autarcas e a miopia político partidária
sempre foram e serão impeditivos de que isso aconteça. Seria preciso conseguir
alinhar objetivos e coordenar e fazer convergir estratégias e ações a nível
supramunicipal e interregional.
Para
estancar a sangria populacional e, progressivamente, inverter esta tendência
demográfica será necessário criar uma estrutura sócio económica que sustente o
emprego e a criação de mercado e de riqueza, condições indispensáveis para a
fixação de pessoas, para a estruturação de uma rede urbano rural e para a
sustentabilidade económica dos territórios. Os projetos estruturantes, de
interesse nacional mas localizados em determinada região, de que são bons
exemplos, no Alentejo, o Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva, o Porto
de Sines e as explorações mineiras de Castro Verde, Almodovar e Aljustrel, são
peças chave nestes processos, pelo que aportam de dinamização económica e
criação de emprego, assente nos principais recursos endógenos.
Mas
o problema é mais complicado nos concelhos periféricos a este tipo de
investimentos, sujeitos a forças centrípetas dos polos económicos e urbanos
mais fortes, nos quais é preciso identificar a vocação económica estruturante e
desenvolver, com forte financiamento público dos FC, da administração central e
local, projetos que criem a dinâmica económica e de atração de investimento
indispensáveis, em áreas como, por exemplo, a agricultura em extensivo, o
turismo e a economia social.
Neste
último caso, será também necessário adotar medidas que favoreçam
a deslocalização dos potenciais utentes dos equipamentos sociais
sobrelotados dos grandes centros para as suas terras de origem, nomeadamente,
através da criação de redes de respostas diversificadas, empregadoras de gente
nova e dinamizadoras das economias locais e de serviços de proximidade.
Simultaneamente,
é indispensável dispor de redes de transportes públicos e privados que
assegurem a mobilidade urbano rural e garantir um nível máximo possível de
atendimento dos diversos serviços públicos, muito especialmente, nas áreas das
comunicações, saúde, educação e justiça.
Jorge
Pulido Valente
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