tag:blogger.com,1999:blog-19800632.post5694703902653714264..comments2023-09-13T12:48:14.321+01:00Comments on Mértola: Hoje é dia de S. João! Como tudo está mudado...Carlos Viegashttp://www.blogger.com/profile/06742961607330357293noreply@blogger.comBlogger6125tag:blogger.com,1999:blog-19800632.post-35627268754863499202009-06-29T01:08:52.510+01:002009-06-29T01:08:52.510+01:00Meus caros Martins e António Transtagano,
Creio q...Meus caros Martins e António Transtagano,<br /><br />Creio que quanto a “jornas” têm ambos razão. Efectivamente, os preços praticados nesses tempos, já recuados, eram mesmo esses. Estou a lembrar-me de um senhor do meu concelho, baixo alentejano também, que tinha a alcunha de “Vinte e Cinco Tostões e a Papa”. Este senhor, quando alguém lhe ia pedir trabalho, oferecia pura e simplesmente 2$50 e o comer. Era pegar ou largar. Daí a alcunha, bem alentejana, de que nunca mais se livrou.<br /><br />Quanto ao local onde se procedia à “contratação” dos jornaleiros, diria que se situava no início da Rua Larga, à sombra das árvores que ali havia. Pelo menos, a minha memória mais remota leva-me para esse local. E, assim, temos já três locais distintos onde a “escolha” se fazia. Talvez isso tenha a ver com os vários grupos que demandavam a vila?<br /><br />Sobre a tristeza de ver tanta gente a pedir esmola também não tenho dúvidas. Agora, se era só em dias específicos da semana, já não me recordo.Resistentehttps://www.blogger.com/profile/15737387478734560924noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-19800632.post-66195930774713266072009-06-28T13:30:25.205+01:002009-06-28T13:30:25.205+01:00Caro Comentador Martins
No meu comentário anterio...Caro Comentador Martins<br /><br />No meu comentário anterior pretendi estabelecer o confronto entre a Mértola que eu conheci da minha infância e a Mértola actual; e achei oportuno pôr a tónica na exploração do trabalhador rural, sendo certo que o episódio da sua experiência na Farmácia Godinho, que é na realidade paradigmático de outra Mértola, de outros tempos, serviu-me de ensejo para, a par da exploração de que indiscutivelmeente o caro cometador Martins foi também vítima, dar notícia de outras explorações!<br /><br />Claro que também perguntou "quantos partem?" e "Porque partem?". Não sou sociólogo e falece-me competência para responder às suas, aliás, mais do que pertinentes questões. Tudo quanto poderia dizer a este propósito não passaria <br />da enumeração de lugares comuns: a desertificação do interior,um pouco por todo o país, as dificuldades de fixação das populações residentes, umas vezes por carência de algumas condições, outras pela atracção pelas grandes urbes, etc., etc.<br /><br />Não tenho estatísticas nas minhas mãos sobre quantos partem. Quero, no entanto, lembrar que nos "velhos" tempos de Mértola e eu reporto-me a época anterior aos anos 60, - décadas de 40 e 50 - a indigência era tamanha que não havia outras saída que não fosse a permanência no concelho!<br /><br />Como saberá, o êxodo começou pela cojungação de dois eventos: o fenómeno da emigração para a Europa, especialmente para as grandes cidades, e a guerra colonial. Fenómenos centrados na década de 60.<br /><br />Mas realmente o caro comentador Martins também perguntou: "Mértola estará assim tão mudada"?<br /><br />E a minha resposta foi sim.<br /><br />Quanto às "mulheres que vinham alegadamente às quartas e sábados", não tenha o meu caro comentador Martins a menor dúvida: vinham mesmo às quartas e sábados. Reporto-me às décadas de 40 e 50. Dou de barato que a "invasão pacífica"<br />que mencionei no anterior post tivesse maior incidência aos sábados, mas as quartas eram dias de esmolar!E a esmagadora maioria eram MULHERES (não tenha quanto a isso a menor dúvida)! Os HOMENS, esses, com excepção de um ou outro ancião, estavam ocupados na exploração de que eram vitimas.<br /><br />Não contesto que o passeio da casa Vargas fosse também local de "contratação". Mas assisti a várias "arrematações" na esplanada do Manuel Dias e em tronco nu!<br /><br />O ordenado que refere dos assalariados rurais nos anos 60 talvez rondasse os 7 escudos/dia (sol a sol). Porém, se remontar aos anos 40 e, até, 50 encontrará jornas de vinte e cico tostões (dois escudos e cinquenta centavos)!<br /><br />Sardinhas fritas? Sim, sardinhas fritas! Assadas ma brasa seria um luxo!António Transtaganohttps://www.blogger.com/profile/01578556467793921565noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-19800632.post-6758674949492049752009-06-28T02:27:21.058+01:002009-06-28T02:27:21.058+01:00Só perguntei: quantos partem ? Porque partem ?
Já...Só perguntei: quantos partem ? Porque partem ?<br /><br />Já agora e quanto às mulheres que vinham, alegadamente, às quartas e sábados...fique sabendo que era, quase, exclusivamente, aos sábados e não eram só mulheres, eram, também, homens;<br /><br />Mais: não era na esplanada do Manuel Dias, era no passeio da casa Vargas que os homens, em cacho, aguardavam p'la escolha;<br /><br />Quanto aos ordenados, no anos 60, rondavam os 7 escudos/dia (sol a sol) e pão com azeitonas.<br /><br />Sardinhas fritas ?Al Mertulihttps://www.blogger.com/profile/00975655500531593198noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-19800632.post-47116046905890281982009-06-27T14:20:40.447+01:002009-06-27T14:20:40.447+01:00Meu Caro Resistente
Obrigado pelo episódio de &qu...Meu Caro Resistente<br /><br />Obrigado pelo episódio de "há uns anitos" que nos relatou aqui!<br /><br />E pergunta o nosso comentador Martins "...e Mértola, estará assim tão mudada?"<br /><br />Está, para bem de todos nós. Não só Mértola mas também o concelho!<br /><br />Ainda me lembro dos tempos da verdadeira exploração que assolava os trabalhadores rurais do nosso concelho. Alguém se lembra, por exemplo, do "mercado" de homens, num quadro de semi-escravatura, que se exibiam em tronco nu, na esplanada do Café Guadiana,para disputa dos lavradores que os recrutavam segundo o seu aspecto físico? Quero este e aquele também (bestas de trabalho, afinal!) que são os mais corpulentos...<br /><br />"Bestas de trabalho" para mourejar de sol a sol por uns míseros vinte cinco tostões ao dia. "Comidos" com diziam os patrões, isto é, com alimentação! E que alimentação! Uma sardinhita frita e um bocado de pão duro para acompanhar. De uma das vezes, recordo-me de um dos homens (como lhes chamavam os patrões),revoltado com a dimensão da sardinha que lhe coubera em sorte, a ter atirado ao chão enquanto dizia: vai-te criar magana e depois aparece!<br /><br />E às quarta-feiras e sábados, a nossa vila era pacificamente invadida por mulheres famintas, sempre vestidas de preto e lenço na cabeça, vindas de todo o concelho, a esmolar uns tostões de porta em porta!<br /><br />Felizmente que os mais novos já não assistiram a isto! Mas aconteceu, lá isso aconteceu!António Transtaganohttps://www.blogger.com/profile/01578556467793921565noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-19800632.post-46207677890856463742009-06-25T22:38:18.110+01:002009-06-25T22:38:18.110+01:00Caro Martins,
Eu é que tenho de agradecer pela ref...Caro Martins,<br />Eu é que tenho de agradecer pela referência elogiosa que faz ao pequeno apontamento que transpus para o blogue, recordando um episódio da minha juventude.<br />Obrigado, por isso.<br />Folgo muito em saber que, pelos vistos, esta terra encantadora lhe abriu novos horizontes para a vida. <br />Cumprimentos.Resistentehttps://www.blogger.com/profile/15737387478734560924noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-19800632.post-28373623581163786972009-06-25T20:04:40.490+01:002009-06-25T20:04:40.490+01:00Como eu o compreendo...
Tinha 10 anos, completado...Como eu o compreendo...<br /><br />Tinha 10 anos, completado o curso superior de 4ª. classe, e "ingressei" na Farmácia Godinho, na Rua do Relógio, onde comecei por aprender a lavar frascos e a fazer lixívia...entre outras tarefas da maior importância.<br /><br />Quando parti, já manipulava pílulas, xaropes, tinturas, solutos e outras drogas...<br /><br /> Domingos, feriados ou férias, foi coisa a que, nos mais de quatro anos de "curso", nunca tive direito.<br /><br />Não me posso queixar do "ordenado"...por o não ter! Estava "aprendendo" a ser o que acabei não sendo...<br /><br />Só quando já demandara Lisboa é que o meu "patrão" me escreveu. Queria que eu voltasse e pagava-me 600 escudos/mês. Um ordenadão...mas não voltei..por opção consensualmente familiar.<br /><br />Essa, era a Mértola do meu tempo de moço...e estará assim tão mudada?<br /><br />Quantos partem nestes tempos ? Porque partem ?<br /><br />Haveremos de procurar clarificar as mudanças. <br /><br />Vamos a isso ?<br /><br />De qualquer dos modos, fiquei agradado e sensibilizado com a descrição que fez o favor de nos trazer. <br /><br />Obrigado.Al Mertulihttps://www.blogger.com/profile/00975655500531593198noreply@blogger.com