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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Canoagem - Hungaros em Estágio em Mértola



Na sequência do protocolo existente entre o Clube Náutico de Mértola e a Federação Húngara de Canoagem e o Ute Kayak Clube de Budapeste, a equipa daquele clube Húngaro composta por uma comitiva de 11 pessoas entre atletas iniciou a 24 de Fevereiro um estágio de 10 dias no Centro de Estágio do Guadiana.

Estes canoístas Húngaros candidatos a integrar as equipas nacionais daquele pais, referencia da canoagem Mundial, aproveitam assim as excelentes condições que o Guadiana e a Tapada Grande da Mina de São Domingos bem como o Concelho de Mértola oferecem como local de treino para esta modalidade.

De realçar que o projeto lançado pelo Clube Náutico de Mértola em parceria com a Câmara de Mértola de implementar uma Pista de Canoagem de Velocidade na Mina de São Domingos será no futuro mais um peça incontornável para a consolidação das condições do Concelho de Mértola como destino da canoagem mundial quer para estágios de inverno quer para eventos da modalidade.

De referir ainda que o Estágio em causa é acompanhado pelo Técnico Tamas Homoki que já foi treinador do Clube Náutico de Mértola.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

domingo #247


foto: Greenfoto: Green


foto: Green
Publicado por João Espinho
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Praça da República

De

Louis Auguste de France
Usava o De mas isso não o ajudou lá muito.

A Júlia foi viver para França há 20 anos. Os nomes próprios dela são Júlia de Fátima. De Fátima é uma desgraça. Uma prova clara de que os padrinhos não tinham piedade nem complacência na hora da escolha. A questão é que, como toda a gente sabe, o “De” em França está reservado, estritamente, a membros da nobreza. Tal como o “Von”, na Alemanha: Valéry Giscard d’Estaing ou Herbert von Karajan, por exemplo.

O engraçado disto é que a Júlia foi, por várias vezes, questionada sobre a origem nobre da família. Lá explicava que não, que é 100% plebeia, mas a conversa soava de forma esotérica aos franceses. Ainda hoje, de tempos a tempos, a confusão emerge.
Vem isto a propósito da mania recente de acrescentar o “De” ao apelido, numa espécie de “upgrade” antroponímico. Se a subida de classe não se faz de outro modo, que se faça assim. A inflação dos “De” tornou-se notória e tem tanto de visível quanto de ridícula. Sublinho que o “Do” e o “Da” não contam. São do povo.

Acrescentar o “De” ao nome pode ser uma tentação com resultados trágicos. Nem sempre dá estilo. De Mendes ou De Dias não soa nada bem. Ao contrário, De Vasconcellos ou De Mello, com consoante dobrada, são ótimas soluções. Já o tentar inventar um Santiago De Macias não dá jeito nenhum. Soa a cantor de flamenco ou a bandarilheiro. Não se lhe associa a ideia de promoção social. De Soto é bom, mas está reservado a carros.

Refinado mesmo é ter o De no nome e não o usar. Um amigo meu, que é marquês, de título e não de nome, não usa o título nem o De no seu extensíssimo nome. Isso sim, é “chique a valer”, como diria o Dâmaso Salcede do imortal Eça.

A conquista do nome de família é relativamente recente. É um elemento de identidade importante, mais ainda num Alentejo quase tribalizado, e onde os apelidos denunciam, com frequência, uma origem geográfica precisa. Chega? Para muitos não chega, claro. É preciso mais. É necessário um “De” que azule o sangue e faça aproximação a passados prestigiosos e de grandes feitos. A dias gloriosos, ainda que ficcionados e totalmente inexistentes. Tanto quanto as partículas de nobreza inventadas. As quais são, por isso mesmo, muito mais divertidas.

Quem nos vale, nestes tempos de dificuldade são os que, voluntaria ou involuntariamente, nos ajudam a descomprimir dias que vão sendo penosos. Nunca lhes agradeceremos em condições o esforço que fazem e que tanto nos alivia.

Por Santiago Macias
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avenidadasaluquia34


Crónica publicada no jornal A Planície de 1.2.2012